O presidente eleito da Guatemala, o social-democrata Bernardo Arévalo, pedirá nesta segunda-feira (18) à justiça que destitua a procuradora-geral Consuelo Porras, a quem acusa de orquestrar um “golpe de Estado” para evitar que ele assuma o poder em janeiro.

Arévalo convocou seus apoiadores a acompanhá-lo até a sede da Suprema Corte nesta segunda-feira para apresentar uma ação de amparo na qual solicitará formalmente a destituição da procuradora.

“Juntos, apresentaremos um amparo e diremos firmemente #ForaGolpistas. Traga sua bandeira azul e branca [da Guatemala] e defendamos o direito de construir um futuro melhor”, disse Arévalo em seu chamado divulgado nas redes sociais.

Horas antes da apresentação do pedido, milhares de indígenas, estudantes e outros ativistas se manifestaram em várias cidades do país para exigir a renúncia de Porras e de outros dois procuradores e um juiz contestados.

Na capital, centenas de indígenas vindos do departamento ocidental de Totonicapán, portando apitos e trombetas de plástico, percorreram várias ruas exigindo a saída da procuradora-geral.

Em sua ação, Arévalo também pedirá a saída do promotor Rafael Curruchiche, que lidera investigações polêmicas contra o partido Semilla (Semente) do presidente eleito.

Ele também solicitará a remoção do juiz Fredy Orellana, que ordenou buscas nas sedes do Semilla e do Tribunal Supremo Eleitoral, o que tumultuou o ambiente político no país.

Porras, Curruchiche e Orellana estão incluídos em uma lista elaborada pelos Estados Unidos de figuras “corruptas e antidemocráticas” da América Central.

Com sua promessa de combate frontal à corrupção, um dos males do país, Arévalo obteve uma ampla vitória no segundo turno das eleições em 20 de agosto, mas sua ascensão ao poder desperta temores entre poderosos setores políticos e empresariais.

Na semana passada, Curruchiche liderou uma busca, com dezenas de policiais, em um centro eleitoral onde os procuradores abriram caixas que continham votos do primeiro turno das eleições em 25 de junho.

De acordo com o promotor, a operação foi resultado de uma denúncia de um cidadão, mas a ação foi rejeitada por vários setores na Guatemala e pela comunidade internacional. Os Estados Unidos a classificaram como “um ataque ao processo democrático”.

Por outro lado, o Ministério Público rejeitou a acusação de orquestrar um “golpe de Estado” em uma mensagem enviada à AFP.

“Rejeitamos categoricamente qualquer acusação que pretenda envolver o Ministério Público com o resultado do evento eleitoral”, afirmou a instituição.

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