O presidente eleito da Guatemala, o social-democrata Bernardo Arévalo, pediu nesta segunda-feira (11) o fim da perseguição judicial contra seu partido, algo que ele argumenta está prejudicando a transição para sua posse em janeiro de 2024.

“Além deste processo (de transição), é necessário que a perseguição judicial e a intimidação exercida pelas instituições do setor judiciário contra nosso partido e os funcionários eleitos cessem”, afirmou Arévalo em um discurso na antiga sede do governo na capital.

O presidente eleito se reuniu pela segunda segunda-feira consecutiva com o presidente em exercício, Alejandro Giammattei, para continuar o processo de transferência de poder. Luis Almagro, secretário-geral da OEA, participou novamente como convidado.

O encontro ocorreu em meio a tensões devido à perseguição do Ministério Público contra o partido Semilla de Arévalo, que em 1º de agosto denunciou um plano de “golpe de Estado” para impedir sua posse em janeiro.

“É necessário encerrar o processo de perseguição política e intimidação judicial que está em andamento pelas instituições de justiça”, enfatizou Arévalo.

Por sua parte, Giammattei se comprometeu a entregar o cargo na data prevista e jurou dar sua vida para que Arévalo assuma em 14 de janeiro.

“Eu asseguro a você e, se for necessário, minha vida para que você assuma, mas você será o próximo presidente da Guatemala, goste ou não goste, o que importa é que o povo o escolheu”, disse.

“Como chefe de Estado, eu lhe assegurei uma semana atrás e lhe asseguro hoje (que) você tomará posse em 14 de janeiro, essa é a decisão do povo da Guatemala. Seja boa ou ruim, isso não importa, e essa decisão é respeitada”, concluiu.

Arévalo venceu a ex-primeira-dama Sandra Torres no segundo turno em 20 de agosto, após surpreender no primeiro turno em 25 de junho, quando não era considerado um dos favoritos entre uma dúzia de candidatos.

Após o primeiro turno, o Ministério Público iniciou uma campanha para cancelar o registro do Semilla por supostas irregularidades em seu registro em 2017.

No entanto, a Corte de Constitucionalidade revogou a decisão e permitiu que Arévalo concorresse no segundo turno.

Arévalo é filho de um ex-presidente que deixou sua marca no país, e sua ampla vitória no segundo turno sobre a candidata do continuísmo é atribuída à esperança de mudança que ele gerou com sua promessa de combate frontal à corrupção, um mal endêmico no país.

ec/gm/am