Aretha Franklin merece respeito: a garota prodígio nascida em Memphis, no Tennessee, cantou nos dois momentos mais importantes da história da cultura negra nos EUA: em 1968, ela se apresentou no funeral de Martin Luther King, ativista e amigo de sua família; em 2009, brilhou na posse do presidente Barack Obama. Sua vida, no entanto, não se compõe apenas de acontecimentos históricos e brilhantes, e pode ser vista agora em “Respect”, cinebiografia que chega às telas. A narrativa em ordem cronológica não traz grandes novidades: a carreira da “rainha da soul music” começa ainda na infância, quando a garota já atraía a atenção cantando nos cultos do pai, o pastor Clarence Franklin (papel de Forest Whitaker). Bem mais tarde, como artista consagrada, ela voltaria à mesma igreja para gravar um álbum gospel. Apesar de a decisão contrariar a vontade de seus empresários:, “Amazing Grace” tornou-se o maior sucesso de sua carreira. Impossível não destacar a performance da atriz e cantora Jennifer Hudson como protagonista, atuação que certamente lhe dará uma indicação ao Oscar em 2022. O filme é a estreia nas telas da sul-africana Liesl Tommy — outra pioneira das artes, ela foi a primeira mulher negra a vencer, em 2017, o Tony Award, a maior premiação do teatro.

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Clássicos e raridades

Quem assistir a “Respect” sairá do cinema ávido por ouvir as canções originais de Aretha Franklin. Uma boa opção é o box de CDs “Aretha” (foto), lançamento que traz 81 faixas remasterizadas e um repertório que engloba seus 60 anos de carreira. A coleção traz 19 versões alternativas de clássicos, demos, raridades e uma versão inédita de “You Light up my Life”. Há ainda apresentações feitas para a TV, incluindo duetos com Tom Jones (“It’s Not Unusual”), Smokey Robinson (“Ooo Baby Baby”) e Dionne Warwick (“I Say A Little Prayer”). O maior tesouro, no entanto, é uma performance ao vivo de “Nessun Dorma”, da ópera “Turandot”, de Puccini.