SÃO PAULO, 17 AGO (ANSA) – A Amazônia registrou mais um recorde negativo no chamado “calendário do desmatamento”, entre agosto de 2021e julho de 2022, com 10.781 quilômetros desmatados no período, mostrou o relatório do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) nesta quarta-feira (17).   

“Essa foi a maior área devastada dos últimos 15 anos para o período, sendo 3% superior à registrada no calendário passado, entre agosto de 2020 e julho de 2021”, reforça o órgão.   

O calendário é feito de agosto a julho porque esse é o período em que há menor frequência de chuvas na região e, comumente, há mais desmatamento em toda a área amazônica.   

Segundo o Imazon, essa é a segunda vez consecutiva que a devastação passa dos 10 mil km2. Somando os dois períodos, entre agosto de 2020 e julho de 2022, foram desmatados 21.257km2, quase o tamanho do estado do Sergipe.   

O relatório do Imazon ainda aponta os dados apenas deste ano, que também registram a maior destruição em 15 anos.   

“Comparando os períodos de janeiro a julho, a área de floresta perdida neste ano cresceu 7% em relação a 2021, passando de 6.109 km2 para 6.528 km2. Isso significa que, somente em 2022, a região já viu um território de mata semelhante a cinco vezes a cidade do Rio de Janeiro ser posto abaixo”, destaca.   

O Imazon aponta que nem a redução no desmatamento em julho de 2022 na comparação com o ano passado pode ser comemorada. Os 1.739km2, que representam uma queda de 17% com julho de 2021, ainda são o segundo maior valor para este mês em 15 anos.   

Outro ponto levantado é que 40% de toda a destruição ocorreu na chamada “região Amacro”, que concentra 32 municípios na divisa entre os estados do Amazonas, Acre e Rondônia. Mas, o Pará segue como líder entre os estados que mais desmatam a área amazônica, sendo que nos últimos 12 meses foram derrubados 3.858km2 de mata.   

No comunicado, a pesquisadora do Imazon, Bianca Santos, aponta que “o aumento do desmatamento ameaça diretamente a vida dos povos e comunidades tradicionais e a manutenção da biodiversidade na Amazônia […], além de contribuir para a emissão de carbono em um período de crise climática”.   

“Relatórios da ONU já alertaram que, se não reduzirmos as emissões, fenômenos extremos como ondas de calor, secas e tempestades ficarão ainda mais frequentes e intensos. Isso causará graves perdas tanto no campo, gerando prejuízos para o agronegócio, quanto para as cidades”, pontua ainda Santos.   

(ANSA).