SÃO PAULO (Reuters) – Após fixar vendas antecipadas de açúcar em níveis recordes para a safra 2021/22, antes mesmo do início da temporada em abril, as usinas brasileiras fizeram hedge de apenas 12% da exportação projetada para a commodity do ciclo 2022/23, disse nesta quinta-feira a consultoria Archer Consulting, em seu primeiro levantamento para a próxima campanha.

O sócio-diretor da consultoria, Arnaldo Correa, disse que os dados até 31 de março trazem “uma surpresa”, indicando fixações que representam pouco mais de 3 milhões de toneladas de açúcar para o período.

“Antes de rodar o modelo, confesso que achava que esse percentual era maior. É claro que os modelos falham, mas os dados parecem bem consistentes”, declarou ele em nota.

“O fato é que –não podemos esquecer– o percentual de usinas que possui crédito, linhas de financiamento e conta de futuros aberta nas corretoras ainda é pequeno”, acrescentou.

Ele destacou ainda que, para empresas com gestão de risco, folga no caixa e conta de futuros aberta e/ou acesso a operações de balcão estruturadas, esse percentual de fixações pode facilmente chegar aos 50%.

“Mas a realidade do setor é outra.”

Para 2022/23, o preço médio apurado desde setembro é de 13,34 centavos de dólar por libra-peso, sem considerar o prêmio de polarização. 

Até o final de fevereiro, usinas brasileiros tinham fixado vendas para mais de 85% da exportação da temporada 2021/22.

“Nós nunca tivemos uma situação como essa em que as usinas –mesmo antes de iniciar uma safra, como é o caso da 21/22– já estivessem fixadas uma safra adiantada”, comentou.

“As usinas nunca aproveitaram tão bem as oportunidades do mercado futuro, o que denota grande maturidade na gestão de risco.”

(Por Roberto Samora)

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