O presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), rebateu as declarações do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de que ele teria cometido erros propositais no processo por quebra de decoro para se manter na mídia. Para Araújo, a entrevista na manhã desta terça-feira, 21, demonstrou que o peemedebista está enfraquecido porque se apresentou sem nenhum aliado ao seu lado. “É um sinal claro de que ele está perdendo a força nesta Casa”, afirmou.

Araújo refutou a informação de que o ex-ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, teria dito a Cunha que poderia “controlar” o presidente do Conselho de Ética caso o peemedebista segurasse a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O parlamentar disse que, embora tivesse um bom relacionamento com o petista, essa relação se deu no período em que Wagner governou a Bahia e não durante o período em que esteve no Palácio do Planalto. “Eu não tenho controle sobre o que o ministro Jaques Wagner fala, mas, com certeza, o ministro não tinha total controle sobre mim”, disse.

Araújo negou que tenha usado recursos antirregimentais para prejudicar Cunha e reafirmou que as manobras eram práticas adotadas pelo representado para “prorrogar o tempo de permanência na Casa”. O presidente do colegiado explicou que deu tempo para o relator Marcos Rogério (DEM-RO) analisar o voto em separado dentro do previsto pelo regimento e que a chamada nominal no microfone de deputados no dia da votação do parecer que pede a cassação foi aprovada pelo colegiado. Cunha não só reclamou que a forma de votação mudou votos em plenário num “efeito manada” como anunciou que este será um dos argumentos do recurso que vai impetrar junto à Comissão de Constituição e Justiça na próxima quinta-feira. “Se algum deputado mudou o voto por sua consciência, é um problema do deputado”, respondeu Araújo.

Sobre a manutenção de Rogério na relatoria do caso, Araújo acredita que as críticas de Cunha se devem ao fato dele não ter tido a chance de escolher quem gostaria para a função. “Eduardo Cunha queria, na verdade, era nomear um relator do seu bolso”, afirmou. Quando assumiu a relatoria, Rogério era filiado ao PDT e, durante o processo, migrou para o DEM, partido que pertence ao bloco parlamentar de Cunha e que, em tese, não poderia ser nomeado para a função. “Não tinha porque mudar, o regimento não prevê isso e a lei não mandava mudar o relator”, justificou Araújo.


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