O procurador-geral da República (PGR), Augusto Aras, ficou um tempão sumido, em meio a um festival de fake news e ofensas graves que dominam a campanha eleitoral, especialmente de Bolsonaro contra Lula, mas eis que de repente, nada mais do que de repente, ele ressurge no cenário com uma margarida arrependida e volta a assombrar o meio jurídico eleitoral, a uma semana do pleito de domingo, 30. Alegando o risco de “censura prévia”, o PGR age como advogado do atual mandatário para tentar barrar medidas de contenção da disseminação de fake news na campanha, tomadas há 24 horas. Uma resolução do TSE, presidente Alexandre de Moraes, agiliza a remoção de conteúdos falsos de propaganda eleitoral, como aconteceu na rádio Jovem Pan, confessamente bolsonarista.

Mas, na verdade, não tem essa de “risco de censura prévia” coisíssima nenhuma, já que os que está sendo feito na campanha é crime deslavado mesmo. Em resposta a Aras,o Supremo se reúne hoje, em sessão virtual, para dizer se o que o ministro Alexandre está fazendo é certo ou não, de agir de ofício para tirar do ar as fake news. O plenário deve manter as decisões de Alexandre. Afinal, se as propagandas ilegais não forem tiradas agora, serão quando? Na quinta-feira que vem, dia 27, acaba a propaganda eleitoral gratuita e daí, a Inês é morta. O que saiu, saiu. O que não foi retirado do ar, no ar ficará e poderá influenciar na decisão de voto do brasileiro no domingo, 30.

Portanto, o TSE faz muito bem de tirar do ar essa sujeirada que Bolsonaro está usando. O TSE considerou que o mandatário usou 184 comerciais de 30 segundos com ataques criminosos a Lula (desde que ele é criminoso, que teve mais votos nos presídios, que é pinguço, etc.), enquanto que a Justiça Eleitoral considerou que Lula divulgou 14 comerciais com fake news contra Bolsonaro, desde o caso de que o presidente seria canibal ao falar que poderia comer carne de índio, entre outras coisas. No final, Lula teria uma vantagem com 164 anúncios que deveriam ser repostos até quinta-feira. E essa decisão será tomada hoje até o final da noite em plenário virtual.

Alexandre ainda tentou um acordo entre o petista e o candidato do PL, para ver se os dois retiravam as campanhas criminosas do ar e se haveria um acordo para compensar isso. Lula mandou dizer que não tinha acordo nenhum e que a Justiça deveria lhe dar o direito de resposta nos 184 comerciais e deixar Bolsonaro usar os seus 14 comerciais. Vai ser uma guerra jurídica daqui até os próximos dias. Mas de alguma coisa podem ter certeza. O ministro Alexandre de Moraes está segurando essa contenda no braço, para não deixar que o clima de beligerância entre os dois candidatos tome conta das ruas. O impasse tem que ser resolvido juridicamente.

E, mais uma vez, a sensatez do presidente do TSE deve prevalecer. O Brasil, realmente, não é para amadores. É de se esperar, agora, que vença o melhor no domingo, pois ambos estão empatados tecnicamente. O que também não pode é Bolsonaro usar a máquina, com essa live de 24 horas que ele pretende fazer na TV Brasil, que ele considera a “minha TV”, fazendo desfilar por lá até o jogador Neymar. Aí, é mais um crime, mas que Aras finge que não vê. Ele só vê o que interessa ao capitão. Por que será?