Maior exportador mundial de petróleo, a Arábia Saudita deve restabelecer nesta segunda-feira (16), de acordo com especialistas, pelo menos um terço da produção perdida devido aos ataques de sábado contra instalações de petróleo, um desafio para o reino a fim de tranquilizar os investidores.

Riad lidera desde 2015 uma coalizão armada no Iêmen contra os rebeldes huthis, e várias de suas infraestruturas energéticas já foram alvo de ataques, principalmente em maio e agosto.

Os ataques de sábado à usina de Abqaiq e ao campo de Khurais, no leste, são de outra escala, porém: reduziram a produção saudita pela metade, para 5,7 milhões barris por dia, cerca de 6% da oferta mundial.

O ministro da Energia saudita, o príncipe Abdel Aziz bin Salman, inspecionou os danos no domingo e disse que o reino usará seus vastos estoques para compensar parcialmente a perda de produção. Os Estados Unidos também autorizaram o uso de suas reservas.

No entanto, os preços do petróleo subiam nesta segunda-feira, com as acusações contra o Irã, alimentando novos temores geopolíticos.

Por volta das 8h45 GMT (5h45 de Brasília), o petróleo subia +8,62%, a 65,41 dólares em Londres, onde é cotado o barril de Brent do Mar do Norte.

Nesta segunda, a China fez um apelo a Irã e Estados Unidos para que demonstrem “moderação”, após as acusações de Washington a Teerã pelos ataques com drones.

“Na ausência de uma investigação incontestável que permita tirar conclusões, talvez não seja sensato imaginar quem deve ser responsabilizado por este ataque”, afirmou Hua Chunying, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China.

Com base em fontes industriais, o boletim especializado Energy Intelligence garantiu que a gigante saudita Aramco está “prestes a restaurar até 40%” da produção perdida, cerca de 2,3 milhões de barris por dia.

– Milhões de barris –

Citando fontes próximas ao caso, o “Wall Street Journal” estimou que levará semanas para restaurar a capacidade total de produção.

No entanto, uma dessas fontes disse: “Devemos poder colocar no mercado dois milhões de barris por dia” até segunda-feira.

A consultoria Energy Aspects também estimou que o país será capaz de restaurar quase metade da produção perdida ainda hoje.

No sábado, a Arábia Saudita declarou que fornecerá uma atualização em 48 horas sobre os ataques, e todos os olhos estão voltados para um comunicado oficial que possa tranquilizar os mercados.

Hoje, a televisão saudita Al-Arabiya disse que a Aramco está pronta para reiniciar as operações em Khurais, que processa 1,5 milhão de barris por dia.

Como peso pesado da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a Arábia Saudita bombeia 9,9 milhões de barris por dia, ou quase 10% da demanda mundial. Deste total, sete milhões de barris por dia são destinados à exportação.

O reino também tem uma capacidade não utilizada de cerca de dois milhões de barris por dia que pode ser usada em tempos de crise.

Se os rebeldes iemenitas huthis apoiados pelo Irã reivindicaram esses ataques, Riad ainda não acusou nenhuma parte.

Em contrapartida, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, culpou diretamente o Irã. A República Islâmica negou de forma categórica.

As autoridades sauditas estão ansiosas para relançar sua produção, uma vez que esses ataques podem prejudicar a confiança dos investidores na Aramco, uma gigante que prepara seu IPO.

Esta operação foi adiada várias vezes, principalmente devido às condições desfavoráveis do mercado.

Riad espera arrecadar US$ 100 bilhões com a venda de 5% de seu capital, com base em uma avaliação de toda empresa em US$ 2 trilhões.

Este IPO é a pedra angular de um plano de reforma chamado “Vision 2030”, lançado pelo poderoso príncipe herdeiro Mohammed bin Salman para diversificar a economia do reino.