26/11/2017 - 11:18
A Arábia Saudita lançou neste domingo (26) uma coalizão antiterrorista de 40 países muçulmanos predominantemente sunitas, prometendo uma luta implacável contra grupos extremistas até seu “desaparecimento da terra”.
O homem forte da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, abriu uma reunião de ministros da Defesa desses países asiáticos e africanos, incluindo Paquistão, Turquia e Nigéria, marcando oficialmente a criação da coalizão.
Ele pediu “uma coordenação forte, excelente e especial” entre seus membros contra os grupos extremistas.
O Irã, rival xiita da Arábia Saudita, a Síria e o Iraque não fazem parte desta coalizão.
O Catar, que figura na lista de países membros publicada pela agência oficial do SPA, não participou da reunião.
Quatro países árabes, incluindo a Arábia Saudita, romperam relações com o Catar em junho, acusando o país de apoiar grupos extremistas, o que Doha nega.
“Nosso encontro é muito importante porque nos últimos anos as organizações terroristas têm operado em nossos países sem que haja qualquer coordenação” para enfrentá-los, disse o príncipe herdeiro.
“Esta fase está chegando ao fim, porque mais de 40 países enviam um sinal muito forte de que vamos trabalhar juntos e que reuniremos nossas capacidades militares, financeiras, políticas e de inteligência”, afirmou, ressaltando que “a partir de hoje, cada país contribuirá de acordo com suas capacidades”.
O príncipe saudita aproveitou a ocasião para expressar a solidariedade dos participantes com o Egito, onde um ataque na sexta-feira contra uma mesquita matou 305 pessoas.
“Foi um evento muito doloroso que nos lembra os perigos do terrorismo e do extremismo”, afirmou.
“Estamos ao lado do Egito e de todos os países do mundo que combatem o terrorismo e o extremismo”, disse o príncipe saudita.
A coalizão por iniciativa do príncipe Mohammed foi anunciada em dezembro de 2015.
– ‘Imagem deformada do Islã’ –
“Mais do que o assassinato de pessoas inocentes e a propagação do ódio, o terrorismo e o extremismo distorcem a imagem da nossa religião”, disse o jovem príncipe saudita, que defende um “Islã moderado, tolerante e aberto a outras religiões”.
Com a nova coalizão, “começa uma fase de luta contra o terrorismo, que já registra derrotas em muitos países muçulmanos”, afirmou o príncipe saudita.
“Continuaremos perseguindo terroristas até que eles desapareçam da terra”, disse ele.
O comandante militar da coalizão será o general paquistanês Raheel Sharif, que terá sua sede em Riad.
Falando na abertura da reunião, o general paquistanês disse que vai “mobilizar e coordenar recursos, facilitar o intercâmbio de informações e ajudar os países membros a desenvolver sua própria capacidade de luta contra o terrorismo”.
A Arábia Saudita já é membro de uma aliança ocidental liderada pelos Estados Unidos e que combate os jihadistas no Iraque e na Síria.
Ela inaugurou um centro dedicado à luta contra grupos extremistas durante a visita do presidente americano Donald Trump à Arábia Saudita em maio.
O lançamento da nova coalizão ocorre em um momento de tensão entre o Irã e a Arábia Saudita. Os dois países, que cortaram relações diplomáticas em 2016, estão em desacordo em várias questões regionais, incluindo os conflitos na Síria e no Iêmen, onde apoiam lados opostos.
O príncipe Mohammed descreveu o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, de um “novo Hitler” em uma entrevista recente ao New York Times.
“Ninguém no mundo dá crédito a observações desse tipo”, reagiu o porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Bahram Ghassemi, ao falar do príncipe herdeiro saudita.