A Arábia Saudita lançou neste domingo (26) uma coalizão antiterrorista de 40 países muçulmanos predominantemente sunitas, prometendo uma luta implacável contra grupos extremistas até seu “desaparecimento da terra”.

O homem forte da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, abriu uma reunião de ministros da Defesa desses países asiáticos e africanos, incluindo Paquistão, Turquia e Nigéria, marcando oficialmente a criação da coalizão.

Ele pediu “uma coordenação forte, excelente e especial” entre seus membros contra os grupos extremistas.

O Irã, rival xiita da Arábia Saudita, a Síria e o Iraque não fazem parte desta coalizão.

O Catar, que figura na lista de países membros publicada pela agência oficial do SPA, não participou da reunião.

Quatro países árabes, incluindo a Arábia Saudita, romperam relações com o Catar em junho, acusando o país de apoiar grupos extremistas, o que Doha nega.

“Nosso encontro é muito importante porque nos últimos anos as organizações terroristas têm operado em nossos países sem que haja qualquer coordenação” para enfrentá-los, disse o príncipe herdeiro.

“Esta fase está chegando ao fim, porque mais de 40 países enviam um sinal muito forte de que vamos trabalhar juntos e que reuniremos nossas capacidades militares, financeiras, políticas e de inteligência”, afirmou, ressaltando que “a partir de hoje, cada país contribuirá de acordo com suas capacidades”.

O príncipe saudita aproveitou a ocasião para expressar a solidariedade dos participantes com o Egito, onde um ataque na sexta-feira contra uma mesquita matou 305 pessoas.

“Foi um evento muito doloroso que nos lembra os perigos do terrorismo e do extremismo”, afirmou.

“Estamos ao lado do Egito e de todos os países do mundo que combatem o terrorismo e o extremismo”, disse o príncipe saudita.

A coalizão por iniciativa do príncipe Mohammed foi anunciada em dezembro de 2015.

– ‘Imagem deformada do Islã’ –

“Mais do que o assassinato de pessoas inocentes e a propagação do ódio, o terrorismo e o extremismo distorcem a imagem da nossa religião”, disse o jovem príncipe saudita, que defende um “Islã moderado, tolerante e aberto a outras religiões”.

Com a nova coalizão, “começa uma fase de luta contra o terrorismo, que já registra derrotas em muitos países muçulmanos”, afirmou o príncipe saudita.

“Continuaremos perseguindo terroristas até que eles desapareçam da terra”, disse ele.

O comandante militar da coalizão será o general paquistanês Raheel Sharif, que terá sua sede em Riad.

Falando na abertura da reunião, o general paquistanês disse que vai “mobilizar e coordenar recursos, facilitar o intercâmbio de informações e ajudar os países membros a desenvolver sua própria capacidade de luta contra o terrorismo”.

A Arábia Saudita já é membro de uma aliança ocidental liderada pelos Estados Unidos e que combate os jihadistas no Iraque e na Síria.

Ela inaugurou um centro dedicado à luta contra grupos extremistas durante a visita do presidente americano Donald Trump à Arábia Saudita em maio.

O lançamento da nova coalizão ocorre em um momento de tensão entre o Irã e a Arábia Saudita. Os dois países, que cortaram relações diplomáticas em 2016, estão em desacordo em várias questões regionais, incluindo os conflitos na Síria e no Iêmen, onde apoiam lados opostos.

O príncipe Mohammed descreveu o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, de um “novo Hitler” em uma entrevista recente ao New York Times.

“Ninguém no mundo dá crédito a observações desse tipo”, reagiu o porta-voz do ministério das Relações Exteriores iraniano, Bahram Ghassemi, ao falar do príncipe herdeiro saudita.