O aquecimento do planeta poderia temporariamente superar nos próximos cinco anos + 1,5 ºC, o primeiro limite estabelecido pela comunidade internacional no combate à mudança climática, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira (27).

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Há 40% de chances de que a temperatura média ultrapasse esse limite por pelo menos um ano até 2025, segundo um estudo realizado pelo Escritório de Meteorologia do Reino Unido para a Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU.

Sob os efeitos da mudança climática, a última década registrou temperaturas recorde e os anos 2016 e 2020 alcançaram uma temperatura média de + 1,25 ºC em relação ao período pré-industrial.

No entanto, o Acordo de Paris de 2015 prevê conter o aquecimento “bem abaixo” de + 2 ºC em relação a esse período e fazer o necessário para limitá-lo a 1,5 ºC, o que “reduziria sensivelmente os riscos e efeitos das mudanças climáticas”.

As probabilidades de que esse limite seja superado por pelo menos um só ano aumentam cada vez mais, segundo o estudo.

Além disso, há “90% de chances de que pelo menos um ano entre 2021 e 2025 se torne o mais quente, superando 2016”, segundo a OMM.

Apesar de ter sido um aumento temporário, “este estudo mostra com grande confiabilidade científica que nos aproximamos de forma mensurável e inexorável do limite inferior do Acordo de Paris”, afirmou Petteri Taalas, à frente da OMM.

Taalas também alerta sobre as consequências: “derretimento das geleiras, aumento do nível do mar, multiplicação das ondas de calor e outros fenômenos meteorológicos extremos, assim como repercussões maiores em segurança alimentar, saúde, meio ambiente e desenvolvimento sustentável”.

Outros especialistas destacam que uma superação temporária de 1,5 ºC não significaria necessariamente enterrar os objetivos do Acordo de Paris, como Joeri Rogelj, do Imperial College de Londres.

“Mas ainda assim é uma notícia muito ruim”, que prova “novamente que as ações contra a mudança climática são totalmente insuficientes e que é urgente reduzir para zero as emissões (de gases de efeito estufa) para conter o aquecimento”, disse Rogelj.