ROMA, 29 OUT (ANSA) – O mais recente relatório anual Countdown da revista médica Lancet aponta um agravamento na saúde populacional devido aos efeitos do aquecimento global e às falhas nas políticas públicas, levando a milhões de mortes “evitáveis” em quase uma década.
“As mudanças climáticas ameaçam a saúde a um nível sem precedentes”, reforça o estudo divulgado nesta quarta-feira (29), que conta com a participação de centenas de pesquisadores internacionais coordenados pelo University College London, em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pela primeira vez, o estudo forneceu uma estimativa precisa sobre a mortalidade ligada a fenômenos climáticos, como fortes ondas de calor, longos períodos de seca e poluição atmosférica.
De acordo com os autores, entre 2012 e 2021 a média de óbitos no mundo ligada ao calor foi de 546 mil por ano, o que revela um aumento significativo em comparação com a década de 1990.
Ao mesmo tempo, os incêndios florestais mataram ao menos 154 mil pessoas no planeta em 2024.
Segundo a pesquisa, as oportunidades para uma transição climática “justa” ainda existem, mas permanecem “em grande parte inexploradas”.
“Reverter políticas prejudiciais e avançar com ações significativas contra as mudanças climáticas é crucial agora para proteger a saúde e a sobrevivência das pessoas”, diz o relatório, que criticou duramente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar seu país de programas internacionais de ajuda e iniciativas climáticas.
O documento, publicado a poucos dias da COP30, que ocorrerá em Belém entre 10 e 21 de novembro, elenca numerosas consequências para o aquecimento global que são consideradas perigosas para a saúde: as ondas de calor são prejudiciais principalmente para idosos e recém-nascidos; já os longos períodos de seca afetam a produção de alimentos para muitas pessoas, enquanto a poluição atmosférica pode levar a doenças respiratórias. (ANSA).