O aquecimento global é a explicação “mais provável” para as chuvas torrenciais que caíram na semana passada sobre os Emirados Árabes Unidos e Omã, afirmam os cientistas da World Weather Attribution (WWA) em um estudo publicado nesta quinta-feira (25).

O estudo revela que as precipitações durante os anos marcados pelo fenômeno El Niño aumentaram entre 10% e 40% nesses desérticos países do Golfo, avaliando que “o aquecimento, causado pela queima de combustíveis fósseis, era a explicação mais provável” para esse fenômeno.

Não há “outra explicação conhecida para o aumento das chuvas na região”, destaca.

A tempestade que atingiu vários países deixou 22 mortos no Omã e quatro nos Emirados Árabes Unidos, onde as chuvas recorde provocaram inundações importantes.

Isso mostra “que mesmo as regiões secas podem ser fortemente afetadas pelas precipitações, uma ameaça que aumenta com o aquecimento climático devido aos combustíveis fósseis”, destaca Sonia Viratne, professora da universidade ETH de Zurique e membro da WWA.

Esse grupo internacional de cientistas, que estuda o papel da mudança climática nos fenômenos meteorológicos extremos, baseou-se nos dados históricos e nos modelos climáticos para estudar a evolução das precipitações na região, mesmo durante os episódios de El Niño, um fenômeno cíclico.

O estudo indica que as chuvas extremas foram menos intensas nos anos anteriores ao aquecimento de 1,2 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. “As precipitações extremas aumentaram pelo menos 10% nos Emirados Árabes Unidos e em Omã”, diz Mariam Zachariah, pesquisadora do Imperial College de Londres. Isso está “de acordo com os princípios físicos básicos de que uma atmosfera mais quente pode reter mais umidade”.

As chuvas torrenciais caíram primeiro sobre Omã na semana passada, antes de chegar aos Emirados, onde o equivalente a quase dois anos de precipitação caiu em um dia em 16 de abril, paralisando uma parte do país.

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