Ao longo desta semana, especialistas de Singapura estarão formando professores de matemática e ciências da rede municipal de Joinville (SC), podendo trazer impactos importantes para o desempenho escolar de 50 mil estudantes. Trata-se de uma iniciativa pioneira, resultado de uma parceria envolvendo o Instituto Ayrton Senna, o movimento Santa Catarina pela Educação, as Federações das Indústrias e do Comércio de Santa Catarina (FIESC e Fecomércio), a Agência Comercial do Governo de Singapura no Brasil (International Enterprise Singapore), o Instituto Nacional de Educação (NIE, na sigla em inglês) de Singapura e a Rede Municipal de Educação de Joinville.

Tudo começou em maio do ano passado, durante uma missão internacional a Singapura no âmbito do movimento Santa Catarina pela Educação. Durante o período, foi possível conhecer o trabalho do NIE, que tem a responsabilidade de formar os professores daquele país. Singapura encontra-se hoje no topo do ranking mundial do Programa de Avaliação Internacional de Alunos (PISA, na sigla em inglês) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O país ficou em primeiro lugar nas três disciplinas avaliadas: ciências, matemática e leitura, com notas muita acima dos demais países mais bem colocados no PISA, como Japão e Hong Kong.

Na visita que fiz ao NIE, perguntei ao Prof. Lee Sing Kong, ex-diretor da instituição e um dos líderes da reforma educacional daquele país – falecido há pouco menos de um ano e a quem dedico este artigo –, o porquê deste 1° lugar. Ele foi direto: “Nós não preparamos nossos alunos para se saírem bem no PISA, ou em qualquer outro sistema de avaliação. Nós formamos nossos alunos para a vida”.

Tudo em Singapura gira em torno do binômio meritocracia e relevância, por isso coloca a educação como uma prioridade nacional, não só em termos de investimentos, mas também no valor social na figura do próprio professor. Ser professor em Singapura é sinônimo de prestígio. A qualidade da oferta da educação pode ser aferida pelo desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras e pela cultura de ter políticas públicas baseadas em evidências. A formação dos professores é estritamente alinhada com as necessidades de uma Educação para o Século XXI, com foco no desenvolvimento de habilidades socioemocionais – importante pilar da Educação Integral.

No contexto desta iniciativa, vale ainda ressaltar que não obstante as técnicas e metodologias de ensino terem sido desenvolvidas em Singapura, o conteúdo desta formação em ciências e matemática tem como base o referencial curricular da rede de ensino de Joinville e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Assim, tal iniciativa se traduz na firme esperança de trazer para o Brasil o que há de melhor na educação mundial, na perspectiva de que, num futuro não muito distante, o país possa oferecer um ensino de qualidade para todas as nossas crianças.