A maioria das cidades do litoral norte e sul do Estado de São Paulo não atualiza os Mapas de Riscos de deslizamento há pelo menos cinco anos, mostra levantamento da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC). Os casos mais graves são Ubatuba e Ilhabela, que realizaram o levantamento em 2006, segundo dados obtidos pela APqC na Defesa Civil do Estado. Em fevereiro deste ano, cerca de 60 pessoas morreram após uma forte chuva atingir o litoral norte de São Paulo. O maior número de vítimas foi em São Sebastião.

Juntos, os dois municípios têm quase 130 mil habitantes, além de uma população flutuante que visita a cidade em função do turismo. Nos dois casos, os municípios realizaram, em 2014, uma Carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações.

Conforme a APqC, o mapa é um documento que reúne informações sobre áreas com potencial de deslizamento, identificadas por geólogos após análise de solo. Ele deve conter ainda o levantamento de pessoas com potencial impacto em caso de acidentes e seus endereços.

“Esta carta é um levantamento importante, porém mais superficial, que não identifica potenciais vítimas, o que compromete um plano mais eficiente de resposta por parte do poder público”, explica Patricia Bianca Clissa, presidente da APqC.

Diante da emergência climática, a APqC afirma que a atualização dos Mapas de Risco se torna ainda mais necessária. “O cenário de risco de 2014 é completamente diferente do momento atual, com chuvas fortes, acima da média, muito mais frequentes”, reforça Clissa.

Segundo apurou a APqC, além de Ubatuba e Ilhabela, a cidade de Guarujá, que também registrou mortes no último verão, não atualiza o Mapa de Riscos desde 2007. Caraguatatuba aparece na sequência, com documento criado em 2010. Santos, a maior cidade do litoral sul, está com o Mapa de Riscos desatualizado desde 2012. Itanhaém e Peruíbe têm documento datado de 2013. Bertioga e São Sebastião, município com maior número de mortes no verão passado, atualizaram o Mapa de Riscos em 2014.

No caso de São Sebastião, a Carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundações foi realizada em 2017. No ano seguinte, foi criado um Plano Municipal de Redução de Riscos.

Cubatão (2018) e Praia Grande (2019) aparecem na sequência. As três cidades com o Mapa de Riscos mais recente são Iguape, Cananéia e Ilha Comprida, que o realizaram em 2020.