A Apple foi atingida na quinta-feira (13) por uma proposta de ação coletiva acusando a gigante da tecnologia de pagar menos para as mais de 12.000 funcionárias na Califórnia do que aos homens com empregos comparáveis.
A ação movida no tribunal estadual de São Francisco por duas mulheres que trabalham na Apple há mais de uma década alega que a empresa paga sistematicamente menos do que as trabalhadoras em suas divisões de engenharia, marketing e AppleCare.
A Apple baseia o salário inicial dos trabalhadores nos seus salários em empregos anteriores ou nas suas “expectativas salariais”, o que resulta em salários mais baixos para as mulheres, de acordo com a denúncia. O processo também alega que o sistema de avaliação de desempenho da Apple, que utiliza para definir aumentos e bônus, é tendencioso contra as mulheres.
A Apple, com sede em Cupertino, na Califórnia, disse em comunicado que está comprometida com a inclusão e a igualdade salarial.
“Desde 2017, a Apple alcançou e manteve a igualdade salarial entre homens e mulheres e todos os anos fazemos parceria com um especialista independente para examinar a remuneração total de cada membro da equipe e fazer ajustes, quando necessário, para garantir que mantemos a igualdade salarial”, afirmou a empresa.
Eve Cervantez, advogada dos demandantes, disse que as práticas da Apple perpetuam e ampliam as disparidades salariais existentes entre homens e mulheres.
“Esta é uma situação sem saída para as funcionárias da Apple”, disse Cervantez em comunicado.
Os demandantes são representados pelos escritórios de advocacia de ação coletiva Outten & Golden, Cohen Milstein Sellers & Toll e Altshuler Berzon. As empresas intermediaram acordos massivos em outros casos de preconceito sexual, incluindo um acordo de US$ 215 milhões com a Goldman Sachs no ano passado e um acordo de US$ 175 milhões com a Sterling Jewellers em 2022. Essas empresas negaram qualquer irregularidade.
Desde 2018, a Califórnia proíbe os empregadores de perguntar aos candidatos a emprego sobre seu histórico salarial, com o objetivo de eliminar disparidades salariais com base em sexo e raça.
De acordo com o processo de quinta-feira (13), a Apple depende das expectativas salariais dos candidatos para definir seus salários. Mas como a maioria dos trabalhadores fornece um valor ligeiramente superior ao que ganhavam no seu último emprego, a prática tem o mesmo efeito de perpetuar as disparidades salariais, afirma o processo.
A Apple também recompensa os funcionários considerados “talentos”, pagando-lhes mais, mas concede desproporcionalmente essa designação aos homens, afirmam os demandantes.
O processo acusa a Apple de violar a Lei de Igualdade Salarial da Califórnia, que proíbe a discriminação sexual no pagamento, e as leis estaduais que proíbem preconceitos sexuais no local de trabalho e práticas comerciais injustas.
Uma das demandantes, Justina Jong, também afirma que a Apple se recusou a transferi-la para uma equipe diferente depois que ela reclamou de assédio sexual por parte de um colega de trabalho. A ação busca danos e penalidades não especificadas.