SÃO PAULO, 10 JUL (ANSA) – Por Beatriz Farrugia – O Grupo Prysmian inaugurou nesta quarta-feira (10) sua nova sede para a América Latina, em Sorocaba, no interior de São Paulo.   

A empresa, que nasceu em 1879 dentro da Pirelli, na Itália, e tornou-se líder mundial em cabos e sistemas de energia e telecomunicações, fez a inauguração no mesmo dia em que comemorou 90 anos de atuação no Brasil, onde atingiu um faturamento líquido de R$ 1,9 bilhão em 2018. No âmbito global, o faturamento foi de 11,5 bilhões de euros no ano passado, ano em que comprou a General Cable. A sede em Sorocaba vem como um passo final para a consolidação da operação com a General. Com isso, a Prysmian fechou sua unidade em Santo André, no ABC paulista. O Grupo Prysmian investiu R$ 150 milhões na expansão de duas das sete fábricas no Brasil, a de Poços de Caldas, em Minas Gerais, e a de Sorocaba, novo headquarter da América Latina.   

Na sede de Sorocaba, inspirada em um modelo arquitetônico sustentável já adotado na matriz de Milão, foram feitas ampliações e modernizações de linhas de produção destinadas a cabos de energia, cabos ópticos e metálicos para a transmissão de dados, e de cabos especiais para a indústria automotiva, além de investimentos na construção de um novo centro de distribuição. Em entrevista exclusiva à ANSA, o CEO da Prysmian, Valerio Battista, disse apostar nas oportunidades de crescimento dos mercados de telecomunicação e energia limpa no Brasil para os próximos anos.   

“Acredito que a melhor oportunidade vem no setor de telecomunicação, porque as pessoas precisam de internet. E, ao mesmo tempo, acredito no desenvolvimento da energia sustentável”, afirmou Battista, que esteve em São Paulo para a inauguração da sede.   

“Estamos desenvolvendo projetos solares na Argentina, por exemplo. Fazendas solares são um tipo de negócio que está crescendo e devemos estar prontos para esse cenário. Na Europa, a geração de energia limpa já está em um estágio mais avançado.   

Aqui, estamos no começo”, disse o executivo.   

Entre os grandes projetos já concluídos pela Prysmian nesses 90 anos de atuação no Brasil, está a participação, como fornecedora de cabos e tecnologia, da maior planta solar do mundo, construída pela Enel Green Power no Piauí. A Prysmian também esteve envolvida no Projeto Piratininga Bandeirantes (PTBE), em São Paulo, e no fornecimento de fibra óptica em todo o Brasil, com expectativa de 25,5 milhões de casas conectadas em 2022.   

“Gosto muito de vir e gerenciar negócios no Brasil. Obviamente, não é seguro ou sustentável como a Alemanha, por exemplo, pode ser. Mas faz parte do mercado. E nós temos que ser capazes de lidar com isso. Estamos aqui há 90 anos e temos que lidar com isso. Não podemos ser sempre felizes, há épocas em que você irá sofrer, mas você precisar sobreviver. Então, você para de sofrer e começa a crescer”, confessou Battista, comentando sobre as dificuldades encontradas no cenário político e econômico brasileiro. “Como temos 90 anos de história no Brasil, somos mais longevos que qualquer governo. Temos que manter uma estratégia independente da política. Não acredito que isso vai mudar. E, mesmo se mudar, mudará por um tempo curto, o período de um mandato”, explicou Battista, exaltando a solidez dos negócios.   

“Existem muitas turbulências: turbulência política, turbulência econômica. Elas assustam muitas empresas, de muitos setores.   

Mas, desde que éramos Pirelli, e agora, como Prysmian, temos muita experiência no mercado. Antes ou depois, as coisas voltam ao normal. Queremos sobreviver à tempestade e, quando a tempestade parar, o mercado volta ao normal”, comentou Battista.   

Mercosul – Com 13 fábricas na América Latina, sendo sete no Brasil, a Prysmian acredita que o acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) poderá abrir novos mercados no Paraguai e no Uruguai. “Acho que os maiores benefícios seriam o crescimento com Paraguai e Uruguai. Se o Mercosul ajudar esses dois países a crescerem, nós cresceremos juntos. Porque, em outros países, como Brasil, somos mais afetados ou não com o que ocorre na política local, interna, do que no Mercosul”, disse à ANSA o CEO América Latina da Prysmian, Juan Mogollon. (ANSA)