No pôster de Westworld – Onde Ninguém Tem Alma, lançado em 1973, um aviso anunciava: “Onde nada pode dar errado”. Era a premissa do parque de diversões nos quais humanos interagiam com robôs num cenário típico de um longa de western. É claro que, no filme escrito e dirigido por Michael Crichton, dariam errado – ou não haveria história para ser contada.

Aos poucos, uma falha se generaliza nos robôs e eles passaram a matar os hóspedes, pessoas normais que iam ao parque para se divertir – um deles, em especial, o pistoleiro sem nome interpretado por Yul Brynner, fez um estrago e tanto.

Westworld, a série da HBO que estreia no próximo domingo, 2, às 23h, resgata a premissa, mas altera o ponto de vista da história. Em vez de se acompanhar os seres humanos em sua tentativa de sobreviver às possíveis falhas de funcionamento dos tais anfitriões, o projeto criado por Jonathan Nolan, roteirista dos filmes da trilogia Batman: Cavaleiro das Trevas e Interestelar, e com a produção executiva de J.J. Abrams, parte da ideia de dar mais espaço aos personagens de inteligência artificial. Repleto de metáforas e subtextos, o seriado parece ir a fundo em temas como a tomada de consciência desses seres, que já não são robôs como imaginados nos anos 1970, e a selvageria humana quando se pode qualquer coisa.

Com um elenco de peso, que inclui Anthony Hopkins, Evan Rachel Wood, Ed Harris, James Marsden, Thandie Newton, Jeffrey Wright e Rodrigo Santoro, Westworld entrega um episódio que necessita de atenção. A trama, bem engendrada, é apresentada aos poucos. É só ao fim da primeira hora que o telespectador pode ter alguma indicação mais concreta de como funciona esse parque de diversões.

Com dez episódios, a nova atração da HBO ocupará uma faixa costumeiramente nobre na grade da emissora – a noite de domingo, por exemplo, costuma ter Game of Thrones, maior sucesso recente do canal. São temas complexos e questões a respeito da própria humanidade.

É impactante o embate do nascimento da consciência daqueles que não a tinham, como dos robôs anfitriões, e a morte dela, enquanto os humanos deixam seus instintos mais primitivos aflorarem naquele espaço no qual, como no Velho Oeste, não há lei. Westworld é mais atual em 2016 do que em 1973. Antes, a ideia de um mundo no qual se pode dizer e fazer o que quiser, era ficção. Em 2016, isso se encontra nas redes sociais.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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