Um aposentado preso em 2021 e condenado a 15 anos de reclusão no Maranhão teria sido acusado por um crime que ocorreu em Codó (MA) – cidade localizada a cerca de 305 quilômetros de São Luís (MA) – enquanto estava em Fortaleza (CE), a cerca de 800 quilômetros de distância.

Gerardo Rodrigues da Silva, de 65 anos, supostamente foi confundido com o líder de uma quadrilha que tentou roubar um banco em novembro de 2020. As informações são do “UOL”.

+ Quem é o homem que morreu após passar 38 anos preso por um crime que não cometeu nos EUA

+ Professor é preso acusado de crime que aconteceu em outra cidade enquanto trabalhava, diz advogado

O aposentado foi condenado por um crime conhecido como “sapatinho”, descrito como método de assalto em que os criminosos amarram bombas caseiras no gerente de um banco para obrigá-lo a entregar dinheiro. Os explosivos são retirados apenas após a quadrilha conseguir o que deseja.

Na ocasião, criminosos praticaram o “sapatinho” em uma agência do Banco do Brasil, em Codó, no dia 16 de novembro de 2020. O grupo era liderado por Marcos de Oliveira da Silva, conhecido como “Paulista”. Os outros integrantes da quadrilha eram Francisco Lopes Justino, apelidado de “Chico Justino”, Claudemir Ferreira da Silva, o “Neguim”, e Antonio Soares da Silva, o “Marquês”. Na ocasião, a tentativa de roubo foi frustrada.

Marquês e Claudemir morreram em confronto contra a Polícia Militar durante a tentativa de fuga do assalto. Os criminosos tinham a intenção de ir para o Piauí. Marquês é primo de segundo grau de Gerardo Rodrigues da Silva e as autoridades encontraram o contato do aposentado na lista telefônica do celular do criminoso morto.

Por conta do telefone do idoso ter o DDD 11, de São Paulo, pelo fato de ele ter vivido no estado por 44 anos, as forças de segurança confundiram Gerardo com o “Paulista”. Ainda, a polícia usou uma foto da CNH do aposentado emitida em 2003, 17 anos antes do crime, para reconhecimento.

Durante o processo, sete pessoas testemunharam a favor de Gerardo afirmando que haviam o visto em Fortaleza na data do crime que ocorreu em Codó. Um ofício do banco Santander apontou que o aposentado realizou dois saques com biometria na capital cearense no dia 16 de novembro de 2020.

Gerardo alegou que as autoridades colheram seu primeiro depoimento apenas cinco meses depois de ele ter sido preso. O idoso relatou que sofreu “tortura psicológica” e, sem óculos, não teve a possibilidade de ler seu interrogatório impresso, além de estar desacompanhado da defesa durante a sessão. O aposentado afirmou que não confessou o crime e que ninguém leu o documento para ele.

Para o sistema Judiciário do Maranhão, os ofícios do banco seriam insuficientes para comprovar que Gerardo é inocente. A defesa do aposentado reiterou que, “com uma pesquisa no Google”, localizou o verdadeiro “Paulista”, constatando que o criminoso morreu em junho de 2022 em um hospital de Vitória da Conquista (BA), supostamente após trocar tiros com membros das forças de segurança.

Chico Justino, réu confesso do “sapatinho” em Codó, contou que conheceu Gerardo apenas na prisão. O homem teve a reclusão convertida em domiciliar em 17 de agosto de 2022 após relatar que tinha hérnia de hiato diafragmática para a Justiça. Em liberdade, Justino foi acusado de comandar um assalto a banco em setembro de 2023 e, em junho de 2024, morreu em uma troca de tiros contra a polícia em Goiás.

Assim como o outro réu, Gerardo relatou às autoridades problemas de saúde. O aposentado sofre de diabetes. Entretanto, a sentença do idoso foi mantida em 15 anos, 11 meses e 114 dias de reclusão.

O site IstoÉ tentou contato com o TJ-MA (Tribunal de Justiça do Maranhão), mas não obteve resposta até o momento de publicação desta notícia. O texto será atualizado no caso de recebimento de resposta.