No último dia 2 de novembro, a aposentada Maria Alice Arantes, de 88 anos, embarcou com duas filhas na classe executiva, em São Paulo, com destino a Nova York. Boa parte do voo transcorreu na madrugada, por isso ela e a maioria dos outros passageiros passaram dormindo. Pouco antes de pousar, quando foi conferir a bolsa, a senhora se deu conta que algo estava errado: sua carteira, com dinheiro e documentos, havia sido furtada dentro do avião.

“Foi um susto horrível”, descreve a administradora de empresas Maria Carolina Arantes Cecchi, de 57 anos, que estava acompanhando a mãe no passeio aos Estados Unidos. Segundo conta, foram levados cerca de U$ 300 e R$ 200, em dinheiro, além de cartões de crédito. O afanador não havia poupado nem o RG ou o passaporte que estava com o visto americano da vítima.

Imediatamente, comissários da Avianca, companhia aérea responsável pelo voo, foram chamados e inspecionaram algumas poltronas, mas não acharam nada. Segundo conta a filha, Maria Alice ficou nervosa e começou a chorar com medo de ser barrada no país. “Nós sabemos que as leis americanas são superrígidas, idosos não são tratados com preferência e a polícia não é brincadeira”, disse.

Ao aterrissar, o comandante informou que, segundo as leis americanas, não poderia reter ninguém no avião para ser revistado. Ficaram só as três e a tripulação. “Alguns minutos depois, a polícia americana chegou e disse que os passageiros não poderiam ter sido liberados”, relatou Maria Carolina.

Mas por precaução, a idosa havia levado um passaporte português, que sobreviveu ao furto e serviu como documento para entrar nos Estados Unidos. “Se não tivesse levado, o que teria acontecido? A gente teria de comprar bilhetes de volta?”, indaga Maria Carolina. “Só de imaginar ficar na salinha da polícia americana foi um horror.”

Voo

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A viagem em família fora planejada com cuidado e antecedência, em especial porque a idosa, com problemas de mobilidade, inspira cuidados. Para andar, Maria Alice usa bengala na maioria das vezes. Em outras, vai de cadeira de rodas – um equipamento foi alugado pela família, por exemplo, para facilitar o deslocamento dela por Nova York. “Esta é a última viagem da minha vida, não sei se vou ter saúde para outra”, disse às filhas ainda antes de saber que passaria pelo transtorno.

Logo no início do voo, o jantar foi servido. Passava das 23 horas e Maria Alice havia tomado remédio para dormir, mas a luz da TV do passageiro sentado na sua frente estava incomodando. Comunicou o contratempo a uma aeromoça e recebeu autorização para trocar de cadeira. Ao se mudar, decidiu não tirar a bolsa do lugar: estava guardada sob a poltrona.

Maria Alice ainda acordou para ir ao banheiro e viu que uma aeromoça estava dormindo na sua poltrona antiga. Ao acordar mais um vez, percebeu que, desta vez, havia outro comissário cochilando no lugar.

Investigação

O furto foi registrado na Polícia Civil de São Paulo, por meio eletrônico, e informado à Polícia Federal. Segundo Maria Carolina, também foi feita reclamação na Avianca, mas a empresa não teria prestado assistência. “Objetos pessoais não são de nossa responsabilidade”, foi a resposta que diz ter recebido.

Em nota, a Avianca afirma que está em contato com a passageira para “prestar o atendimento necessário e continua à disposição das autoridades para esclarecer o ocorrido o mais rápido possível”. Segundo o comunicado, “todos os procedimentos de segurança foram seguidos durante todo o voo”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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