YANQING, 18 FEV (ANSA) – O presidente da Federação Italiana de Esportes no Gelo, Andrea Gios, confirmou nesta sexta-feira (18) que discutirá no próximo congresso da União Internacional de Patinação (ISU) a elevação da idade mínima dos atletas para a participação em grandes competições esportivas.   

Gios mencionou o caso da patinadora russa Kamila Valieva, de 15 anos de idade, que viu sua trajetória nas Olimpíadas de Inverno de Pequim, na China, ser marcada por um grande escândalo de doping. Antes da polêmica, ela surpreendeu o mundo ao se tornar a primeira mulher da história a ter sucesso em um salto quádruplo no megaevento esportivo.   

“A Itália apoia essa necessidade junto com muitos outros países.   

Não é útil para o nosso esporte ter campeões de 15 anos de idade que desaparecem depois, pois os vencedores devem permanecer na história. Kamila Valieva foi massacrada e não conseguiu patinar, sendo que foi ela quem fez coisas extraordinárias em Pequim.   

Jogamos uma menina de 15 anos na cova dos leões”, lamentou o dirigente italiano.   

Pressionada em virtude do escândalo, Valieva fez uma apresentação abaixo do esperado e ficou de fora do pódio do programa curto da patinação artística. A russa sofreu pelo menos duas quedas e terminou na quarta colocação.   

A ideia de Gios é elevar inicialmente para 17 anos a idade mínima dos atletas para entrar em grandes eventos esportivos da modalidade, que poderia aumentar para 18 anos depois de algum tempo. A intenção é colocar em prática essa regra para a disputa dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2026, na Itália.   

Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), declarou que ficou “muito chateado” com a performance de Valieva na final do programa curto. O ex-esgrimista alemão também denunciou que ela não foi bem acolhida pela própria equipe técnica.   

“Foi arrepiante de ver como ela foi recebida pela sua própria comitiva. Tudo isso não me dá muita confiança nesta equipe técnica de Kamila, nem em relação ao que aconteceu no passado, nem ao futuro. Espero que ela tenha o apoio de sua família e amigos nesta situação extremamente difícil”, acrescentou Bach.   

O desempenho irregular de Valieva foi o capítulo mais recente de uma novela que começou em 25 de dezembro, quando a adolescente testou positivo em um exame antidoping. O Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) decidiu que a russa poderia seguir competindo, mas o resultado foi revelado apenas no início das Olimpíadas de Pequim, pouco depois da patinadora ter ajudado seu país a vencer o ouro na disputa por equipes. (ANSA).