O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu rival democrata na disputa pela Casa Branca, Joe Biden, retomam a campanha nesta quarta-feira (30), após um debate tenso e caótico, no qual o ex-vice-presidente de 77 anos demonstrou ter fôlego para chegar à Presidência.

Apesar do caos em 90 minutos de debate, os democratas comemoraram o desempenho de seu candidato, que resistiu ao ataque e às constantes interrupções e repeliu o apelido do presidente de “Joe, o Dorminhoco”.

Trump, de 74 anos, que viaja para Minnesota nesta quarta-feira, partiu para a ofensiva, buscando mudar a dinâmica da campanha e reconquistar espaço nas pesquisas. Há semanas, é Biden que mantém a vantagem.

O debate aconteceu em Cleveland, Ohio, um dos estados pendulares em que não há tradição de voto em um partido específico e que costumam definir a eleição presidencial. Em 2016, pendeu para Trump.

Agora, as pesquisas dão a Biden a vantagem nesse reduto e o ex-vice-presidente de Barack Obama planeja aproveitar essa vantagem para fazer campanha na área.

“Em quatro anos de Presidência, ele não cumpriu sua promessa. Ele se esqueceu dos ‘americanos esquecidos’ que prometeu proteger”, disse o democrata na quarta-feira na estação de Cleveland.

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Em seguida, Biden tentará garantir a votação na Pensilvânia, seu estado natal, onde Trump também venceu em 2016.

– “Filme de horror” –

Os comentaristas chamaram o debate contundente de “filme de terror”, “fiasco”, ou o “pior debate de todos os tempos”.

Na verdade, as discussões contundentes entre Trump e Biden – que levaram a insultos – não deixaram muito espaço para ideias.

“Este foi um dos debates mais caóticos e agressivos da história” dos Estados Unidos, disse à AFP o especialista eleitoral Mitchell McKinney, da Universidade de Missouri.

Apesar dos comentários constantes de Trump contra seu rival sobre o alegado declínio cognitivo e os lapsos demonstrados ao longo das primárias, Biden se saiu bem.

Segundo pesquisa da rede CBS após o debate, Biden obteve a preferência de 69% do público. É bom lembrar que, em 2016, Hillary Clinton venceu os três duelos verbais da campanha contra Trump e acabou derrotada no Colégio Eleitoral.

Ao contrário de Hillary, Biden tem a vantagem de poder criticar o presidente em exercício e lembrar, a todo o instante, que mais de 200.000 pessoas morreram no país, devido à pandemia da covid-19.

“Temos entre 5% e 4% da população mundial e 20% das mortes”, atacou o candidato democrata, que também se referiu a Trump como um “palhaço” e um “fantoche” do presidente russo, Vladimir Putin, e como um mentiroso”.

– “Recuem e se preparem” –

“Não há nada de inteligente em você”, respondeu Trump, que também acusou Biden de ser um “socialista” e um “fantoche da esquerda radical”.


Ao ser questionado sobre se respeitará o veredicto nas urnas em 3 de novembro, Biden prometeu fazê-lo. Trump evitou responder e, diante da possibilidade de que a pandemia envolva uma votação em massa pelo correio, insistiu em sua denúncia, sem provas, de que esse método pode envolver fraude.

As interrupções persistentes de Trump durante o debate lhe renderam vários telefonemas de alerta do moderador, o jornalista Chris Wallace, da rede conservadora Fox News.

Depois que Wallace chamou sua atenção, Trump retrucou: “parece que estou debatendo com você, não com ele”.

Nesta quarta-feira, o presidente, que retornou para Washington à noite após o debate, reiterou suas críticas no Twitter.

“Não foi uma surpresa que foram dois contra um”, afirmou.

O presidente republicano também gerou polêmica por sua recusa a condenar os supremacistas brancos.

“Ok, Proud Boys, recuem e se preparem”, disse ele sobre um grupo de extrema direita fundado em 2016 e ligado a vários episódios de violência contra manifestantes antirracismo.

Os dois candidatos voltarão a debater em 15 e 22 de outubro, em Miami e Nashville (Tennessee), respectivamente.


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