17/01/2018 - 19:22
A decisão da Justiça de libertar o réu Daniel Cravinhos, condenado a 38 anos e 11 meses de prisão pelo assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, em 2002, pode beneficiar a filha do casal, Suzane von Richthofen, que também já requereu o cumprimento do restante da pena fora da prisão. Com a progressão para o regime aberto, Daniel deixou a Penitenciária de Tremembé nesta terça-feira, 16, e foi para casa, embora tenha a obrigação de se apresentar regularmente à Justiça. Seu irmão Cristian, condenado a 38 anos e seis meses, também saiu para o regime aberto em agosto do ano passado.
Suzane é a única entre os três condenados pelo crime que ainda permanece na prisão. Condenada a 39 anos, ela cumpre pena na Penitenciária Feminina de Tremembé, em regime semiaberto, com direito a saídas em ocasiões especiais e para estudar. Desde junho do ano passado, a Defensoria Pública de Taubaté, que atua em sua defesa, vem pedindo à Justiça a progressão para o regime aberto. A alegação é de que ela já ficou em regime prisional o tempo suficiente para sair da prisão.
No fim de 2017, a detenta foi submetida a uma avaliação por uma junta médica a pedido da Justiça. O laudo criminológico, produzido por médicos e psiquiatras, concluiu que ela reúne condições de voltar a viver em sociedade. Anteriormente, a administração da penitenciária já havia atestado o bom comportamento da presa, que manteve a disciplina e sempre trabalhou na prisão.
Em maio de 2016, Suzane chegou a ser denunciada por falta grave pela promotoria criminal, quando teria fornecido endereço falso ao ser beneficiada com a saída temporária do Dia das Mães. Ela foi encontrada pela Polícia Militar na casa do namorado, em Angatuba, no interior paulista, quando havia declarado outro endereço. Na época, o defensor Ruy Freire alegou que o endereço repassado à Justiça não havia sido atualizado pela administração da penitenciária. A juíza Suely Zeraid entendeu que não tinha havido má-fé e desconsiderou a falta.
Aliado ao laudo positivo, a decisão da Justiça no caso de Daniel favorece o pedido da defesa de Suzane pelo princípio da igualdade de tratamento. Caso saia da prisão, ela vai ocupar a vaga oferecida por um empresário no interior em uma confecção de Angatuba, cidade onde mora seu namorado. A detenta revelou interesse em voltar a estudar – antes de ser presa, Suzane fazia faculdade de Direito.
No regime aberto, o detento é obrigado a comparecer à Justiça em datas pré-determinadas, não incidir atos criminosos e se recolher em casa nos horários definidos.
Nesta quarta-feira, 17, o processo aguardava manifestação da juíza Sueli Zeraik. Com a juntada do laudo, ela deve encaminhar os autos para avaliação do Ministério Público. O promotor de Justiça Paulo José de Palma, da Vara de Execuções Criminais de Taubaté, informou que ainda não teve acesso ao laudo criminológico de Suzane. Ele disse que está impedido de se manifestar em razão do segredo de Justiça.
Procurado, o defensor público Ruy Freire, que atua na defesa de Suzane, também invocou o segredo de justiça para não falar a respeito do caso.