As restrições que outros países impuseram a viajantes do Brasil, devido à pandemia, também atingiu em cheio a preparação olímpica de Henrique Avancini. Esperança de medalha nos Jogos de Tóquio, o ciclista enfrentou dificuldades no começo do ano e precisou refazer todo o seu planejamento para chegar à capital japonesa, no fim de julho, no auge de sua preparação física e técnica.

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“Agora a preparação começou a se alinhar um pouco mais. No começo do ano, a preparação foi longe da ideal, principalmente porque traçamos os objetivos, fizemos o planejamento e tivemos que readaptar e replanejar algumas vezes devido à dificuldade de viajar”, lamenta o atleta, em entrevista ao Estadão.

Avancini revelou que precisou abrir mão de quatro competições neste começo do ano devido à pandemia. Muitos países estão restringindo ou mesmo barrando a entrada de brasileiros por causa do agravamento dos casos de covid-19 no País nos últimos meses. “Deixei de competir em quatro eventos até conseguir finalmente iniciar minha temporada 2021. Agora acabo tendo condições de começar a trabalhar, a ver e entender onde estou, como forma física, e o que ainda precisa ser trabalhado até os Jogos. Ter uma continuidade de competições ajuda muito para se acertar e começar a trabalhar nos detalhes.”

Com certo atraso, a temporada começou para o ciclista somente neste mês. Foram duas provas seguidas na Itália nos primeiros dias de abril. Apesar do desgaste da viagem, ele venceu logo a primeira e ficou em nono lugar na segunda disputa.

Em Tóquio, Avancini disputará sua segunda Olimpíada. A classificação ainda não foi confirmada, mas é apenas uma questão de tempo. O brasileiro é o atual número 1 do mundo de mountain bike e vive a melhor fase de sua carreira. “Provavelmente 2020 tenha sido o melhor ano da minha carreira, com as vitórias na Copa do Mundo e terminando o ano na liderança do ranking mundial. E 2021 se tornou um ano extremamente importante por ser ano olímpico.”

Os grandes resultados obtidos no ano passado já tornam Avancini uma lenda do ciclismo brasileiro, modalidade esportiva ainda sem tradição no País. Mas, aos 32 anos, ele ainda enumera diversas conquistas a buscar. “Ainda almejo um título mundial no cross-country olímpico. Conquistei na modalidade marathon, mas no cross-country ainda é um objetivo que não alcancei. E, além disso, quero uma medalha nos Jogos Olímpicos. É algo que seria inédito para qualquer modalidade do ciclismo brasileiro.”

Se mantiver a boa forma nos próximos meses, o brasileiro tem tudo para chegar à Olimpíada no topo do ranking. Ele admite que estar na posição de número 1 do mundo aumenta a pressão, mas diz gostar desta cobrança extra.

“Estar na posição de número 1 do ranking mundial com certeza adiciona muita pressão e expectativa, mas eu acho que isso é um bom lugar para estar como atleta. Traz muitas coisas positivas para o esporte. Inspira muita gente, principalmente por motivar muito os brasileiros. É pelo que eu lutei muito para alcançar. Apesar de ter essa cobrança a mais, é uma cobrança que eu carrego com muita honra e alegria. De uma certa maneira, isso alimenta muito o meu empenho e garra de trabalhar cada vez melhor para entregar uma performance melhor”, afirmou.