A aprovação da reforma da Previdência no Senado Federal alimentou o otimismo do mercado e renovou as expectativas de que novos recursos estrangeiros comecem a entrar no País, destacadamente com o leilão do excedente da cessão onerosa, marcado para 6 de novembro. O clima garantiu o segundo dia de queda firme do dólar frente o real e derrubou o câmbio ao menor nível em dois meses, desde 21 de agosto. No final do pregão desta quarta-feira, o dólar era cotado aos R$ 4,0328, uma queda de 1,05%.

Somente nos três primeiros dias dessa semana, o otimismo garantiu uma queda de 2,08% do dólar frente ao real. Na mínima da semana, marcada nesta quarta, chegou a tocar os R$ 4,0296, bem distantes dos R$ 4,12 da abertura da semana.

Os analistas apontam que os investidores começam a se programar para a entrada de um volume maciço de dólares no País com o leilão do excedente dos barris da cessão onerosa. Além disso, há uma expectativa de que, pós-reforma da Previdência, o apetite pelo Brasil aumente e o programa de concessões e privatizações ambicioso do governo traga o investidor estrangeiro.

“A cessão onerosa marcada para novembro gera expectativa favorável. Big players que vão disputar os leilões devem fazer ofertas expressivas. São recursos de capital estratégico, para médio e longo prazo”, apontou o estrategista da All Investimentos, Henrique Bousquat, completando: “Quem estava ‘comprado’ em dólar, uma série de investidores institucionais, fundos de pensão, tesourarias de bancos e empresas, áreas de asset, está repensando a estratégia”.

Para operadores ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, após perder os R$ 4,05, o câmbio tenta agora encontrar um novo patamar. A virada se deu no meio da tarde, após dados positivos do fluxo cambial darem gás às expectativas do mercado e levarem o dólar a renovar sucessivas mínimas frente ao real.

Segundo o Banco Central, de 14 a 18 de outubro o fluxo cambial no país ficou positivo em US$ 634 milhões. Para o economista e sócio da Journey Capital, Victor Candido, no entanto, ainda é prematuro afirmar que o movimento é duradouro e lembrou que, no ano, o número ainda é muito negativo. Entre janeiro e outubro, o saldo é negativo em US$ 19,19 bilhões.

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Para o operador da Intercam, Glauber Romano, há no mercado uma percepção de que o risco Brasil caiu nos últimos dias. Ele ponderou, no entanto, que após dois dias seguidos de queda significativa ante o real o dólar pode ter um dia de alta nesta quinta.

Lá fora, após um dia de quedas quase generalizadas na terça, o dólar teve sinal misto ante emergentes: caía ante México e Turquia e subia frente a Chile, África do Sul e Argentina. Ditam o humor internacional nos últimos dias as notícias sobre o acordo entre China e Estados Unidos e sobre o fim que levará a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit.


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