Após pressão de Trump, direita lidera em eleição presidencial em Honduras

Resultados parciais de eleição presidencial indicam vantagem de dois candidatos conservadores. Campanha foi marcada por interferência de presidente dos EUA, que ameaçou cortar ajuda financeira ao país.Dois candidatos conservadores aparecem na liderança da contagem de votos da eleição presidencial de Honduras, após uma campanha marcada por interferência explícita do presidente dos EUA, Donald Trump.

Resultados iniciais da apuração divulgados nesta segunda-feira (01/12) pelo do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), apontam que Nasry "Tito" Asfura, do Partido Nacional – apoiado abertamente Donald Trump – e Salvador Nasralla, do Partido Liberal, estavam disputando voto a voto a primeira posição.

Com 44% das urnas apuradas, Asfura somava pouco mais de 40% dos votos, seguido de perto por Nasralla, com cerca de 39%. A candidata do governo, a esquerdista Rixi Moncada, aparecia bem atrás em terceiro Lugar, com aproximadamente 20% dos sufrágios.

O vencedor do pleito será o candidato que obtiver o maior número de votos. O sistema eleitoral do país não inclui disputa em segundo turno.

Clima tenso durante a campanha

O pleito ocorreu no domingo (30/11). Cerca de 6,5 milhões de hondurenhos estavam aptos a escolher o sucessor da presidente de esquerda, Xiomara Castro, além de novos membros do Parlamento e autoridades locais.

As pesquisas não mostravam um favorito absoluto antes do dia da votação. O clima político estava tenso no país, com membros do governo e da oposição se acusando mutuamente de planejar uma fraude eleitoral.

Antes da abertura das urnas, a esquerdista Moncada disse que não reconheceria os resultados eletrônicos preliminares na noite seguinte à eleição e que esperaria a contagem final de todas as cédulas de papel.

Em 2017, protestos contra supostas fraudes eleitorais deixaram mais de 20 mortos em Honduras, país que é marcado por prevalência de pobreza, violência relacionada ao narcotráfico e corrupção.

Apoio aberto de Trump a Asfura e ameça

Poucos dias antes da votação, Trump declarou apoio aberto a Asfura, a quem chamou de "o único verdadeiro amigo da liberdade em Honduras", no intuito de combater o que descreveu como "narcocomunismo" e confrontar o presidente venezuelano Nicolás Maduro .

Trump também ameaçou cortar a ajuda financeira ao país caso seu candidato não fosse eleito, dizendo que os EUA "não vão jogar fora um bom dinheiro". "Um líder equivocado só pode trazer resultados catastróficos para um país", afirmou em postagem em sua rede social Truth Social, na sexta-feira.

O americano prometeu que, se Asfura vencer, haveria "muito apoio" para o país assolado pela pobreza e por ondas migratórias de seus cidadãos para a América do Norte.

O apoio de Washington, a poucos dias das eleições, veio juntamente com o aceno de um possível indulto para o ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández (2014-2022), condenado a 45 anos de prisão nos EUA por tráfico de drogas e membro do partido de Asfura.

Votação sem grandes incidentes

O CNE tem até 30 dias para declarar formalmente um vencedor. A autoridade eleitoral relatou um alto índice de comparecimento às urnas, com a participação 2,8 milhões de eleitores no pleito.

Segundo o conselho, a votação transcorreu pacificamente, embora o horário tenha sido estendido por uma hora devido a longas filas. Houve também relatos de supostos obstáculos para os observadores durante a recontagem de votos e de urnas danificadas.

Xiomara Castro assumiu a Presidência em 2022, sendo a primeira mulher a governar o país. Ela é esposa do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto em 2009 por um golpe de Estado, após o qual, o Partido Nacional de Asfura se manteve no poder por mais de 10 anos.

rc (DPA, EFE)