Rebeca Andrade chegou na área de entrevistas para os jornalistas e enquanto esperava todos se posicionarem no local, atendeu um chamado em seu telefone: “Oi mãe, espera um pouco que vou dar entrevista aqui e já ligo para a senhora. Te amo”, disse a atleta de 22 anos, vice-campeã olímpica no individual geral da ginástica artística.

O ouro não veio, mas ela nem se importou com isso. Preferiu enaltecer o resultado histórico e dedicou aos atletas de sua modalidade. “Neste momento passa muita coisa na cabeça. Eu tinha colocado estar na Olimpíada como meu grande objetivo e acho que todos que já passaram pela ginástica se veem um pouco nessa medalha”, comentou.

“Essa medalha não é só minha, é de todo mundo. Todos sabem da minha trajetória, o que eu passei. Se eu não tivesse cada pessoa dessa na minha vida, isso aqui não teria acontecido. Tenho certeza disso. Sou muito grata a todo mundo mesmo”, celebrou Rebeca.

A história da ginasta de Guarulhos (SP) é de superação. A primeira delas é por se manter no esporte mesmo diante de todas as dificuldades na vida, como falta de dinheiro até para se locomover ao ginásio onde treinava. De família humilde, foi uma lutadora desde o começo, quando iniciou aos 4 anos na modalidade.

Aos poucos foi mostrando seu talento e contando com a ajuda de muitas pessoas, de sua família e dos treinadores. “Minha mãe ia trabalhar a pé para me dar o dinheiro da condução para eu poder ir treinar. Ela acompanhou todo o meu processo, então está muito orgulhosa do que eu conquistei aqui”.

Rebeca até pensou em desistir algumas vezes da carreira por causa das lesões. Foram muitas que castigaram seu corpo, incluindo três cirurgias no joelho. Até por isso, só pensou em mostrar seu talento no Japão. “Eu queria fazer uma boa apresentação para ser inspiração para outras crianças”, comentou.

Sobre o abandono da americana Simone Biles da prova por causa da pressão psicológica por ser o principal nome da modalidade atualmente, Rebeca apoiou a decisão da colega de tablado.

“Não foi nada negativo, as pessoas têm que entender que o atleta é um humano, não um robô. A decisão que ela tomou foi a mais sábia que ela podia tomar por ela, não pelos outros, porque não se brinca com a cabeça. Eu trabalho muito com a psicóloga por causa disso”, afirmou a brasileira. “A pressão nela era constante e muito difícil. Ela se cobra muito. Fiquei orgulhosa pela atitude”, concluiu.