ROMA, 24 SET (ANSA) – Após o ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, afirmar que denunciará todas as embarcações que “favorecerem” a imigração ilegal, o navio Aquarius, operado pelas ONGs francesas SOS Mediterranée e Médicos Sem Fronteiras, pediu nesta segunda-feira (24) permissão “excepcional” da França para desembarcar 58 deslocados no porto de Marselha.   

“Esta é a única opção que temos para o Aquarius, o último navio civil na área, continuar sua missão”, afirmou Fréderic Pénard, diretor de operações da SOS Mediterranée, durante coletiva de imprensa em Paris. A decisão acontece um dia depois do Panamá iniciar o processo para revogar o registro do navio. Com a medida, assim que a embarcação atracar terá que retirar a bandeira do país sob a qual navega e não poderá voltar ao mar sem uma nova. “Você pode ser a favor ou contra o Aquarius, mas violar o Estado de direito, deixando o navio sem uma bandeira, seria uma vergonha”, acrescentou. Em comunicado, a Autoridade Marítima do Panamá (AMP) alega ter recebido relatórios internacionais que “indicam que a embarcação está negligenciando procedimentos legais internacionais em relação a imigrantes e refugiados atendidos nas margens do mar Mediterrâneo”.   

Segundo a AMP, a principal queixa vem da Itália, que denuncia que o responsável pelo Aquarius se recusou a devolver os deslocados atendidos para o seu local de origem. Os Médicos Sem Fronteiras e SOS Mediterranée chegaram a acusar o governo da Itália de submeter o Panamá a uma “pressão econômica e política brutal” para forçar o país a cancelar o registro de Aquarius. De acordo com as ONGs, a embarcação é o “único navio não-governamental que ainda tenta salvar vidas”.   

Salvini, por sua vez, negou ter pressionado o Panamá e afirmou que “não sabe” nem o prefixo da nação para realizar ligações telefônicas. Além disso, o ministro ressaltou que vai denunciar todas as embarcações que ajudam a recuperar imigrantes no Mediterrâneo, porque estão “favorecendo” a imigração legal, além de ajudar o tráfico de pessoas. A declaração foi dada depois que o Aquarius recuperou 50 imigrantes na costa de Zuara, na Líbia, na última semana. Desde que assumiu o governo da Itália, Salvini é um dos principais defensores do endurecimento das políticas migratórias. De janeiro até agora, o país da bota já recebeu 21.024 deslocados internacionais via Mar Mediterrâneo. (ANSA)