Após PGR solicitar prisão preventiva, Zambelli pode ser considerada foragida?

Carla Zambelli
Carla Zambelli teve o pedido de prisão preventiva solicitado pela Procuradoria-Geral da República Foto: Reprodução

Após o anuncio de que havia deixado o Brasil, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) teve a prisão preventiva solicitada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nesta terça-feira, 3. A parlamentar foi condenada, em março de 2025 por unanimidade pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), a 10 anos de detenção por causa da invasão ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Durante o comunicado, a deputada afirmou que vai se submeter a um tratamento médico e pretende se licenciar do mandato. A parlamentar ainda destacou que tem cidadania italiana e que a decisão não foi um “abandono do País”.

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Carla Zambelli disse que supostamente tem sofrido uma “pressão jurídica” no Brasil e cansou “de ficar calada”. “Não é desistir da minha luta. É resistir, é poder continuar falando o que eu quero falar, é voltar a ser a Carla que eu era”, completou.

Questionado pela IstoÉ sobre o caso da parlamentar, o advogado penal Caio Favaretto explicou que, em tese, a saída de Zambelli do Brasil não pode ser configurada como uma fuga. Porém, caso ela não se apresente após ser formalmente notificada a respeito do pedido de prisão preventiva, “passa a ser considerada foragida”.

Para o especialista, pode-se haver o entendimento de que a deputada tenha deixado o País para evitar cumprir a pena de prisão, após o trânsito em julgado, em vez de ir tratar de uma questão de saúde — como alegou inicialmente.

Dupla cidadania pode evitar extradição?

À CNN, Carla Zambelli afirmou que possui dupla cidadania italiana e, por isso, não pode ser deportada para o Brasil.

“Tenho cidadania italiana e não podem me deportar. Eles não podem me deportar sendo cidadã italiana”, disse.

O advogado Caio Favaretto admitiu que isso pode ser um fator complicador, porém, ressaltou que há precedentes de decisões da Justiça italiana de extraditar nacionais com dupla cidadania após ser provocada pelo governo brasileiro.

Um dos exemplos é o caso do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que foi condenado no processo do mensalão. Em 2013, ele fugiu do Brasil para a Itália na tentativa de não ser preso. No ano seguinte, acabou sendo detido por agentes da Interpol em Maranello, município italiano localizado no norte do país.

O governo brasileiro entrou com pedido de extradição, que foi realizada em 2015 após decisão do Conselho de Estado da Itália, última instância da justiça administrativa do país europeu.