Luís Roberto Barroso mandou arquivar na segunda-feira, 4, uma investigação conduzida pela Polícia Federal sobre suposto crime de falsidade ideológica eleitoral na campanha de Lula em 2022. Aberto na primeira instância e enviado ao STF no mês passado, o inquérito apurava se a campanha do petista omitiu da prestação de contas à Justiça Eleitoral serviços supostamente prestados por uma agência de comunicação.
A decisão de Barroso seguiu a conclusão da delegada responsável pelo caso, noticiada pela coluna no último dia 26 de junho. Em relatório no final de maio, apresentado à Justiça Eleitoral em primeira instância, a delegada Lorena Lima Nascimento afirmou que a investigação não encontrou indícios de crime.
“À vista da manifestação da autoridade policial e ausente justa causa para a persecução penal, impõe-se o encerramento do feito”, afirmou o presidente do STF em seu despacho.
As suspeitas sobre a agência foram levadas inicialmente à PGR, em setembro de 2023, por 52 deputados da oposição. A representação criminal se baseou em uma reportagem do site “O Bastidor”, segundo a qual a Polo Marketing Digital teria prestado serviços à campanha de Lula, não informados na prestação de contas ao TSE. À época das eleições de 2022, essa agência tinha contrato com o PT para comunicação digital e criação de conteúdo.
A reportagem citou informações de ações trabalhistas movidas por dois ex-funcionários da Polo Marketing contra a agência e o PT. O conteúdo dos processos incluía mensagens de WhatsApp da dona da empresa, Clarisse Mello Chalreo, que sugeririam que a equipe da Polo havia trabalhado em conteúdos para a campanha de Lula. Um exemplo dessa atuação seria a elaboração de “cards” para o debate da CNN no segundo turno, que teria sido encomendada pela campanha.
No relatório final do inquérito, assinado em 29 de maio de 2025, no entanto, a delegada concluiu que os serviços foram prestados ao PT, e não à campanha de Lula. Ela afirmou no documento que os ex-funcionários da agência não disseram “em nenhum momento” nos processos trabalhistas terem atuado para a campanha, mas sim ao partido.
Ambos também prestaram depoimentos à PF, assim como Clarisse, a dona da empresa. Nas oitivas, eles relataram que os serviços foram prestados somente ao PT, que não trabalharam para a campanha de Lula e que o volume de demandas do partido à agência aumentou muito durante as eleições de 2022.
“Concluímos inexistir, pelo contexto fático objeto de apuração, quaisquer indícios de prática do crime de falsidade ideológica eleitoral sugerido pela representação criminal”, escreveu a delegada.
Após a apresentação do relatório de Lorena Nascimento, o Ministério Público Eleitoral pediu que o inquérito fosse remetido ao STF. O promotor Paulo Roberto Binicheski apontou que o Supremo, foro do presidente da República, deveria ser informado sobre a investigação para decidir a respeito da competência sobre ela. Barroso, então, mandou o caso ao arquivo.