A médica Juliana Chiumento iria de Cascavel, no Paraná, para o Rio de Janeiro na sexta-feira, 9, com conexão em Guarulhos, mas, a pedido do pai, trocou a passagem para sábado, 10. Caso não trocasse a passagem, a profissional de saúde iria embarcar com os colegas de profissão no voo da Voepass que caiu em Vinhedo (SP) e matou as 62 pessoas a bordo.

“Estou bem nervosa, bem emocionada. Não tinha como eu chegar nesse aeroporto e não lembrar dos meus amigos que estavam ontem nesse voo, que embarcaram”, disse Juliana, no aeroporto de Cascavel, onde pegou um voo da Gol para retornar ao Rio de Janeiro, no sábado, 10.

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“Foi Deus que falou para o meu pai me mandar mensagem. Pra eu não ir na sexta, pra eu ir no sábado de manhã”, afirmou a médica.

Juliana trabalhava no Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan). Entre os profissionais do hospital que morreram no acidente aéreo de sexta-feira estão as residentes de oncologia clínica Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim.

“Perdi amigas. Muitas pessoas que estavam no voo eram meus colegas de trabalho, meus amigos”, lamentou Juliana. “Que Deus conforte o coração de todos os familiares e dê força. Uma hora dessas podia ser meu pai aqui, atrás de mim, atrás do meu corpo.”

Causas da queda

As condições climáticas estão entre as hipóteses que explicam a queda do avião, que despencou quatro mil metros em um minuto. Imagens feitas por moradores de Vinhedo mostram a aeronave caindo em “parafuso chato” e indicam que o acidente ocorreu devido a uma perda de sustentação, conhecido no meio aeronáutico como “estol”.

Segundo especialistas, a perda de sustentação da aeronave pode estar associada à formação de gelo nas asas do avião. Porém, apenas a investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) e a análise da caixa-preta serão capazes de elucidarem os motivos do desastre.