CIDADE DO VATICANO, 02 JUL (ANSA) – O papa Francisco enviou uma carta a Bento XVI pela morte de seu irmão, o padre Georg Ratzinger, 96 anos, ocorrida na última quarta-feira (1º).   

Na mensagem, divulgada nesta quinta (2) pelo Vaticano, o Pontífice diz que o papa emérito teve a “delicadeza” de comunicar-lhe primeiro sobre o falecimento de Georg e expressa seus “mais sentidos pêsames” e sua “proximidade espiritual neste momento de dor”.   

“Asseguro minhas orações de sufrágio pelo lamentado defunto, a fim de que o Senhor da vida, em sua bondade misericordiosa, o introduza na pátria do céu e conceda a ele o prêmio preparado para os fiéis servidores do Evangelho”, escreveu Francisco.   

“E rezo também pelo senhor, Santidade, invocando ao Pai, por intercessão da Beata Virgem Maria, o apoio da esperança cristã e a terna consolação divina”, acrescentou.   

Georg estava doente e faleceu na cidade alemã de Regensburg, onde passou a maior parte de sua vida. Com a morte do irmão mais velho, Bento XVI perdeu o último membro de sua família ainda vivo.   

Joseph Ratzinger ainda teve tempo de visitar Georg em Regensburg, entre 18 e 22 de junho deste ano, em sua primeira viagem internacional desde a renúncia ao pontificado, em 2013.   

Trajetória – Nascido em Pleiskirchen, na Baviera, em 15 de janeiro de 1924, Georg foi ordenado como padre no mesmo dia que Joseph, em 29 de junho de 1951, mas seguiu uma trajetória diferente na Igreja.   

Enquanto o irmão mais novo se tornou um teólogo respeitado e subiu na hierarquia católica até chegar ao trono de Pedro, Georg era amante da música e dirigiu o coro da Catedral de Regensburg por 30 anos, entre 1964 e 1994.   

Após a renúncia de Bento XVI, o padre fez diversas visitas ao irmão no mosteiro Mater Ecclesiae, no Vaticano, apesar dos problemas de saúde nas pernas e na vista.   

Georg também foi alistado nas Forças Armadas da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e chegou a lutar na Itália, onde acabou capturado pelos aliados já no fim do conflito.   

Em 2017, um relatório apresentado pelo advogado Ulrich Weber apontou que pelo menos 547 meninos foram vítimas de violência física e sexual por parte de padres e professores no coral da Catedral de Regensburg.   

Os crimes teriam ocorrido entre 1945 e 1992, compreendendo inclusive a gestão de Georg Ratzinger. No relatório, Weber acusa o irmão do papa emérito de ter “fingido que não via” os abusos, mas o padre sempre negou que soubesse. (ANSA)