O governo federal pagou R$ 2,5 bilhões em emendas parlamentares após uma semana inteira de crise com o Congresso Nacional pela derrubada e judicialização do decreto que alterava regras e alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Os dados são do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), ligado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.
A agilidade do empenho nos valores acontece em meio à tentativa do Palácio do Planalto de apaziguar a relação com o Congresso Nacional, principalmente com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). A dupla é crítica ao ritmo de pagamento das emendas.
Nos últimos dias, a derrubada do decreto do IOF no Congresso acendeu o alerta no Planalto, que se sentiu traído por Motta e Alcolumbre ao não ter sido avisado da votação. Ambos os parlamentares rebatem e afirmam ter dado sinais ao governo sobre a insatisfação dos parlamentares e que poderiam analisar o decreto a “qualquer momento”.
Além da insatisfação com o aumento da alíquota do IOF, deputados e senadores agilizaram a votação para mandar recados ao governo. Um desses avisos é sobre as emendas parlamentares. Os parlamentares criticam o atraso nos pagamentos e querem maior agilidade do Planalto para manter a base de apoio às vésperas das eleições de 2026.
Dos pouco mais de R$ 47 bilhões previstos para o Orçamento deste ano, apenas R$ 5,6 bilhões foram empenhados. Ainda faltam R$ 41,6 bilhões para serem pagos até dezembro.
Da leva paga nesta semana, o Centrão foi o maior beneficiado pelos pagamentos. De acordo com os dados do Siop. O grupo recebeu R$ 1,4 bilhão, o que corresponde a 56% do total pago nesta semana.
Na Câmara, o deputado Misael Varella (PSD-MG) foi o que recebeu a maior fatia das emendas, com cerca de R$ 20 milhões empenhados. Do outro lado do Congresso, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), com R$ 29,4 milhões, obteve a maior fatia de emendas empenhadas.
Kajuru é o único entre os três primeiros que mais receberam emendas no Senado que faz parte da base governista. Oposicionistas, como Damares Alves (Republicanos-DF) e Rodrigo Cunha (Solidariedade-AL), receberam juntos R$ 39,9 milhões em emendas parlamentares. O último, atualmente, é vice-prefeito de Maceió (AL) e deixou o cargo para Dra Eudócia, mãe de João Henrique Caldas, atual prefeito da capital alagoana.