Após fuga, STF abre novo inquérito contra Carla Zambelli

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), instaurou um novo inquérito contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) para apurar supostos crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa.

A assessoria de Zambelli não se manifestou. A deputada segue sem defesa nos autos, desde que seu advogado alegou “motivos pessoais” e deixou a função. Moraes determinou que a Defensoria Pública da União a represente.

O despacho assinado pelo ministro nesta quarta-feira, 4, foi motivado pelo anúncio da deputada de que deixou o Brasil sem intenção de retornar. Segundo o documento, ela fugiu para não cumprir a lei e a decisão judicial, que, no mês passado, a condenou a dez anos de prisão por um ataque hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023.

Moraes solicitou à Polícia Federal que ouça Zambelli sobre os crimes investigados em no máximo dez dias, e afirmou que os esclarecimentos poderão ser feitos por escrito, já que ela está fora do País. O ministro também determinou que o Banco Central informe todos os Pix recebidos pela deputada nos últimos 30 dias. A parlamentar pediu doações a seguidores – forneceu seus dados bancários e afirmou que o dinheiro a ajudaria a pagar multas impostas pela Justiça.

Interpol

Nesta quinta, 5, o nome da deputada foi incluído na lista de difusão vermelha da Interpol. A partir de agora, Zambelli pode ser presa fora do Brasil. Ela entrou para a relação de procurados por ordem de Moraes, que decretou a prisão preventiva da parlamentar a mandou a Polícia Federal descobrir sua localização e viabilizar o pedido de extradição.

O blogueiro bolsonarista Paulo Figueiredo afirmou ontem que a deputada deixou os Estados Unidos e está “bem e em segurança” na Itália. Questionada, a assessoria de Zambelli não respondeu sobre a sua atual localização.

Figueiredo é neto do ex-presidente João Figueiredo, último presidente da ditadura militar, e mora nos Estados Unidos há quase dez anos, onde se tornou um dos porta-vozes do bolsonarismo.

Licença

A Câmara dos Deputados publicou também ontem a licença da deputada. Com isso, ela deixará de receber seus vencimentos como parlamentar. Em seu lugar assume o deputado Coronel Tadeu (PL-SP). Segundo a Casa, o pedido de licença de Zambelli chegou antes da decisão do Supremo que determinou o bloqueio dos vencimentos.

“A decisão do STF foi recebida na quarta-feira e o bloqueio de valores nela previsto teve o cumprimento determinado pela presidência. A Câmara não foi notificada acerca dos demais itens da decisão, motivo pelo qual não há outras providências a serem tomadas até o momento”, disse a Casa.

Conforme consta na decisão, Moraes ordenou o “bloqueio dos vencimentos e quaisquer outras verbas pagos pela Câmara dos Deputados, para fins de pagamento integral da multa aplicada”. Contudo, como Zambelli está agora licenciada, não há recursos a serem recebidos por ela para que sejam bloqueados.

Zambelli disse anteontem que viajou para os Estados Unidos em busca de tratamento médico para uma condição de saúde, e que não tem intenção de voltar ao Brasil. Ela afirmou que o plano era se mudar para a Itália, onde possui cidadania, e denunciar o que considera perseguição e abusos do Supremo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.