Após fim de guerra, Eritreia reabre embaixada na Etiópia

ROMA, 17 JUL (ANSA) – Em mais um passo da histórica reaproximação que pôs fim a um dos conflitos mais longevos da África, a Eritreia reabriu, na última segunda-feira (16), sua embaixada em Adis Abeba, capital da Etiópia.   

A cerimônia contou com a presença do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, artífice da retomada das relações bilaterais, e do presidente eritreu, Isaias Afewerki. O embaixador da Eritreia havia sido expulso da Etiópia cerca de 20 anos atrás, no início da guerra de fronteira entre os dois países.   

O tratado que encerrou o conflito entre Adis Abeba e Asmara foi assinado em 9 de julho, na capital da Eritreia. Os dois países estavam em guerra desde 1998, pela posse da região de Badme. Em dezembro de 2000, após a morte de 70 mil a 100 mil pessoas no conflito, Afewerki e o então primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, firmaram um acordo de paz na Argélia que nunca foi respeitado. Em 2002, uma comissão apoiada pela ONU determinou que Badme ficasse com a Eritreia, mas a Etiópia não reconhecia a decisão e mantinha tropas na região.   

A situação mudou no início de junho, quando o reformista Ahmed, que assumira o cargo de primeiro-ministro dois meses antes, aceitou integralmente os termos do acordo de 2000 e se comprometeu a tirar suas tropas de Badme.   

Ahmed vem dando indícios de que pretende estabilizar seu país, afetado por graves dificuldades econômicas, por uma pesada dívida externa e pela escassez de investimentos estrangeiros.   

Outro sinal disso é a recente revogação do estado de emergência que estava em vigor desde fevereiro, por causa dos protestos que derrubaram o ex-premier Hailemariam Desalegn.   

O percurso, no entanto, não deve ser tranquilo. Recentemente, um comício de Ahmed em Adis Abeba foi alvo de um atentado. Já Afewerki governa a Eritreia desde sua independência da Etiópia, em 1993, e é acusado de violações dos direitos humanos por perseguir opositores e impor serviço militar compulsório a todos os homens.   

O país é o 179º em uma lista de 180 nações sobre liberdade de imprensa elaborada pela ONG Repórteres Sem Fronteiras, à frente apenas da Coreia do Norte, e um dos vetores da crise migratória e de refugiados no Mediterrâneo Central. (ANSA)