A cantora francesa Laure Briard já vinha consolidando sua imagem na cena indie de seu país e expandindo as fronteiras do seu som quando encontrou o Boogarins no festival South By Southwest, em Austin, nos EUA, em março de 2017. O contato rendeu e apenas cinco meses depois ela estava na estrada com shows marcados em seis cidades do Brasil. No ano seguinte, ela gravou com a banda goiana um EP cantando em português, Coração Louco. Agora, em 2019, com a experiência absorvida, está de volta à ativa com o lançamento de seu quarto disco, Un Peu Plus D’Amour S’il Vous Plait (um pouco mais de amor, por favor), nesta sexta-feira, dia 1.º.

O disco representa um retorno às origens, que na verdade sempre estiveram num lugar esfumaçado para Laure: nascida em Tolouse, ela mistura influências yéyé (o pop rock sessentista francês), psicodélicas e indie pop para chegar apenas de relance à chanson moderna de Françoise Hardy e do folk pop e vocal da americana Margo Guryan.

Com humor, ela diz querer se afastar da tradição francesa de canções de amor do século 20, porém. “É verdade que a maioria das minhas canções fala de amor, mas é um amor complicado, frustrado. É um caminho tortuoso, mais como no romantismo alemão do século 19”, reflete, por e-mail, em inglês. Ela acredita, porém, que o “amor” que o álbum pede no título pode se referir a tipos diferentes de sentimentos, até por si mesmo. “A falta de amor pode estar em qualquer lugar, certo?”

O caráter etéreo das canções, que passeiam entre os gêneros e texturas, mas também entre idiomas (francês e inglês aqui, e até o português no trabalho anterior), sugere um trânsito simbólico contrário às movimentações de fechamento de fronteiras e de xenofobia reproduzidas em escala global hoje em dia, por governos e nas redes.

“Mesmo na França com as questões de imigração, está ficando cada dia pior. As pessoas suspeitam que eles (imigrantes) são violentos, mas não sabem do que estão falando. Elas não têm as chaves para entender, mas são horríveis, é muito assustador. Claro que a música pode ter um papel. Ela pode dar uma esfriada, fazer as pessoas pensarem, entregar mensagens fortes e poderosas. Mas ela tem de ser ouvida…”

Com um intervalo de apenas alguns meses entre os dois projetos, a experiência brasileira (Coração Louco foi gravado em Mogi das Cruzes) ainda ressoa no fazer artístico da francesa – embora o clima do EP, produzido por Benke Ferraz e com participação de outros membros do Boogarins e de Danilo Sevalli, da banda Hierofante Púrpura, seja diferente da discografia tradicional de Laure.

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“Trabalhar com pessoas novas significa que você tem de considerar as coisas de um jeito diferente. Uma nova visão, você aprende a se conhecer melhor. Então isso muda as coisas, e inevitavelmente não é a mesma depois e isso se aplica no trabalho futuro”, diz agora, sobre a experiência.

Un Peu Plus D’Amour S’il Vous Plait foi gravado por Marius Duflot no estúdio do selo Midnight Special Records, em Paris, e produzido por Jake Aron, parceiro de nomes respeitados do indie pop atual como Solange, Grizzly Bear e Snail Mail.

LAURE BRIARD

‘Un peu plus d’amour s’il vous plait’

Midnight Special Records

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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