O Guinness World Records (GWR) anunciou na terça-feira, 16, que está fazendo uma revisão formal do título de “cachorro mais velho do mundo” dado a Bobi, que morreu em outubro, em Portugal, supostamente com mais de 31 anos. A medida foi anunciada após uma série de questionamentos, principalmente de veterinários, que levantaram dúvidas sobre a idade do cão.

“Decidimos suspender temporariamente os títulos de ‘cão vivo mais velho’ e de ‘cão mais velho de todos os tempos'”, disse à AFP um porta-voz do Guinness, que certifica recordes mundiais.

Bobi era um Rafeiro Alentejano de raça pura que passou a vida em uma aldeia do centro de Portugal. O cão morreu em outubro na localidade portuguesa de Conqueiros, no centro do país, com 31 anos e 165 dias, segundo um comunicado publicado no site do Guinness World Record, que lhe havia conferido o título de cão mais longevo do mundo em fevereiro de 2023.

Tradicionalmente utilizada como cão pastor, a raça de Bobi tem uma expectativa de vida normal de 12 a 14 anos. No entanto, o dono de Bobi, Leonel Costa, refuta os questionamentos. “Todas as suspeitas são infundadas”, afirmou em um comunicado à imprensa, lembrando que o procedimento de verificação “durou quase um ano”.

Para Costa, “uma elite dentro do mundo veterinário… tentou dar às pessoas a ideia de que a história de vida de Bobi não era verdadeira”, pois resiste em aceitar que o cão sempre comeu “alimentos naturais” e não produtos caninos.

“Tudo seria diferente se disséssemos que ele (Bobi) comeu ração para animais de estimação durante três décadas”, disse Costa, acrescentando que todos os requisitos solicitados pelo GWR foram cumpridos.

Revisão

Um porta-voz da GWR disse à Reuters que a revisão do registro de Bobi estava em andamento e incluía reexaminar evidências, buscar novas provas e entrar em contato com especialistas e pessoas ligadas ao pedido original.

“Enquanto nossa análise está em andamento, decidimos pausar temporariamente as inscrições tanto para os títulos de recorde de cão mais velho vivo quanto para (cão mais velho) de todos os tempos, até que todas as nossas descobertas estejam de acordo e tenham sido comunicadas”, afirmou o porta-voz.

O dono do animal disse que o GWR ainda não o procurou. Ainda não foi tomada uma medida em relação a qualquer recordista, disse o GWR, acrescentando que qualquer ação será determinada pelo resultado da revisão.

História de Bobi

O cachorro teria nascido no dia 11 de maio de 1992 numa ninhada de quatro filhotes, entretanto, a família a quem Bobi veio a pertencer já possuía vários animais, o que fez com que o tutor decidisse não ficar com o cão. “Infelizmente, era considerado normal pelas pessoas mais velhas naquele tempo […] enterrar os bichos em um buraco para que eles não sobrevivessem”, contou Leonel Costa.

Na hora em que foram levar os filhotes, os pais de Leonel acabaram deixando Bobi para trás, já que ele estava escondido em uma pilha de madeira. As crianças encontraram o animal depois de um tempo e passaram a cuidar dele em segredo. Quando os responsáveis por elas descobriram, o cachorro se tornou um membro da família.

Leonel Costa disse que o ambiente pacífico onde o animal viveu contribuiu para que ele envelhecesse tanto. O cachorro também nunca foi acorrentado e nem controlado, passeando livremente pela natureza. Bobi era um cão bem sociável e com a idade avançada, passou a permanecer mais tempo descansando ao lado dos gatos da família.

Bobi se alimentava somente de comida humana, como explicou Leonel, o tutor também enxaguava as refeições para retirar o tempero. “Ele comia o que nós comíamos”. No aniversário de 31 anos do animal, mais de 100 pessoas compareceram à festa. “A gente sabe que essa é uma situação normal da vida, mas Bobi era um sujeito único.”

A família também teve outros cachorros que tiveram um longo tempo de vida. Gira, a mãe de Bobi, viveu até os 18 anos e outro cão, nomeado de Chicote, chegou aos 22.

* Com informações da AFP e Reuters