Desde agosto de 2020, a funcionária pública Camila* (nome fictício) só vê o filho por quatro horas aos sábados. A primeira coisa que a criança faz quando chega na casa dela é vestir o pijama para dormirem, já que ele ainda é acostumado a dormir com a mãe. A ex-esposa de Camila, que agora está em um relacionamento com um homem, conseguiu na Justiça a guarda unilateral do filho que as duas tiveram juntas. As informações são de Universa, do UOL.

A ex-esposa de Camila alegou ter estabilidade profissional e familiar para conseguir a guarda da criança. “As palavras dela durante a audiência de conciliação foram: ‘É importante que o nosso filho tenha uma figura masculina'”, conta Camila.

O casamento das duas foi em 2015 e o casal chegou a participar de um documentário contando sua história de amor. Na época das filmagens, o filho delas tinha cinco meses. A gestação foi feita pela ex, com óvulos de Camila a partir de uma fertilização in vitro. No documento, a criança tem o nome das duas mães.

O divórcio veio em 2018 e o combinado era que as duas dividissem a guarda do criança, até porque elas moravam perto, para facilitar o deslocamento. “Achávamos que tínhamos um pacto diferenciado, até por sermos mulheres negras, mesmo que a Justiça olhasse para nós como uma sendo a mãe e a outra, não”, diz.

Mas, em junho de 2020, a ex de Camila se mudou para endereço até então desconhecido e a funcionária pública ficou semanas sem ver a criança. Foi avisada por mensagem de texto que a Justiça havia decidido que ela só teria direito de ver o filho uma vez por semana. Ela só foi ouvida depois, e foi questionada sobre como cuidaria da criança. Camila está recorrendo da decisão e o processo segue em segredo de Justiça.

Universa procurou a ex de Camila, que será identificada como Esther*, e a defesa dela negou as acusações. O advogado explicou que a guarda unilateral da criança atende seus melhores interesses. A defesa de Esther alegou que a família do novo companheiro sabe que a criança “tem duas e não uma única mãe”.