Alec Baldwin, 66, recentemente revelou que foi diagnosticado com TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) como consequência da tragédia no set do filme “Rust”, em 2021, em que ator disparou uma arma que acidentalmente matou a diretora de fotografia Halyna Hutchins.
A emocionante revelação aconteceu ao lado de sua esposa, Hilaria Baldwin, durante seu reality show “The Baldwins”. “Ele foi diagnosticado com TEPT, e ele diz em seus momentos mais sombrios, ‘Se um acidente teve que ter acontecido hoje, por que eu ainda estou aqui? Por que não poderia ter sido eu?’”.
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Em entrevista à IstoÉ Gente, a psicóloga e especialista clínica Paula Amorim Pessoa explica que o Transtorno de Estresse Pós-Traumático está diretamente ligado a “um evento que a pessoa viveu, muito significativo e traumático para ela”.
“Pode estar associado a morte, perda de pessoa e estrupo. Após o trauma, esse paciente vai começar a ter sintomas que o fazem sofrer constantemente”, começa.
“Existem diversos sintomas. Existe a revivência; a pessoa já viveu o trauma, mas algo a lembra aquela cena, daquela violência, a fazendo reviver o momento novamente. O cérebro não coloca a experiência como algo no passado, qualquer gatilho pode retomar aquilo”, explica.
Segundo a Dra., a culpabilidade também é fortemente encontrada em pacientes com o TEPT. Assim como no caso do ator, os constantes pensamentos de “por que não fiz diferente” ou “por que eu ainda estou aqui?” são incontroláveis: o paciente não consegue evitar se sentir dessa forma.
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“A evitação também é um sinal frequente. Alguma luz parecida, o cheiro de algo a faz evitar ambientes que a lembrem do episódio do trauma. Também existe a desconexão, em que o paciente se ‘desprende’ do local, muitas vezes como se estivesse vendo um filme de fora.”
Esses episódios podem estar associados a ataques de pânico, depressão, aumento de crises de ansiedade. Tudo vai começar a acontecer de forma derivada dos sintomas.
TOC
Antes dos eventos no set de “Rust”, Baldwin já tinha o diagnostico de TOC, o que, segundo a esposa do ator, piorou depois da tragédia. Em relação a isso, a especialista explica que os dois transtornos podem ou não ter relação.
“Não é uma regra que a pessoa que tem TOC vai ter o TEPT mas é identificado uma associação de transtorno”, conta.
“Nos dois casos, é frequente a aparição de flashbacks do trauma, os pensamentos intrusivos, repetição de comportamento de alívio e isolamento social. Como ele já tinha o Transtorno obsessivo-compulsivo, isso vai se potencializar e se associar com outros distúrbios.”
Tratamento
Não existe uma cura milagrosa. Paula aponta que a principal indicação para alguém que percebeu o desenvolvimento desse sintomas é procurar a ajuda de um psicoterapeuta.
“É necessário ampliar o repertório sobre o trauma para conseguir conviver. Também é preciso procurar um médico, psiquiatra, que vai entrar com medicação para lidar com sintomas de ansiedade e depressão”, explica.
“O profissional ajuda a pessoa a entender o porquê do evento a ter impactado. Ele vai explicar para o paciente que ele não tinha controle para mudar o trauma, além tentar ampliar o que o individuo viveu após o trauma e principalmente, a amenizar a culpa”.
Em muitos dos casos, o paciente reluta em buscar ajuda, seja por vergonha ou medo. Nessas situações, os familiares e amigos da pessoa diagnosticada precisam servir como uma rede de apoio, incentivando necessidade do tratamento adequado. Em relação a isso, a psicóloga pontua algumas ações que pessoas de fora podem tomar para ajudar o individuo.
“É necessário apoiar, acolher e principalmente, entender o tema [TEPT e o trauma] de forma adequada. Um toque físico, dizer ‘você não está sozinho’, o círculo de apoio, são essas coisas que fazem diferença. Não se deve criticar e reforçar comportamento de não querer procurar ajuda”.
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** Estagiária sob supervisão