Após defender Bolsonaro, Nunes diz ser ‘difícil entender’ rompimento da tornozeleira

Dois dias após afirmar que Jair Bolsonaro (PL) “sempre cumpriu suas obrigações com a Justiça”, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), adotou tom mais cauteloso ao comentar a prisão do ex-presidente. Na noite desta segunda-feira, 24, Nunes disse ser “difícil entender” o que levou Bolsonaro a tentar romper sua tornozeleira eletrônica, episódio que motivou a ordem de prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

“É difícil entender o que uma pessoa na idade dele está passando, os problemas de saúde. O que eu vi pela imprensa, que reproduziu a versão dele, é que estava sob efeito de medicamento”, afirmou Nunes. “É muito difícil comentar algo se não estávamos lá, no momento, para acompanhar.”

A declaração ocorre após a divulgação do vídeo em que Bolsonaro admite ter violado a tornozeleira eletrônica e do resultado da perícia no equipamento. No sábado, 22, antes da circulação das imagens, Nunes havia defendido publicamente o ex-presidente.

O alerta de rompimento do dispositivo foi um dos elementos considerados por Moraes para decretar a prisão de Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, ainda na madrugada de sábado. Nunes falou com jornalistas durante evento que reuniu políticos e empresários no hotel Palácio Tangará, na zona sul da capital paulista. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), esperado na programação, não compareceu.

Impacto político e apoio a Tarcísio

Ao comentar os efeitos da prisão de Bolsonaro na corrida eleitoral, Nunes afirmou seu apoio irrestrito a Tarcísio em 2026, seja em eventual tentativa de reeleição ao governo paulista, seja numa disputa presidencial.

“Acho que (Tarcísio) é o melhor quadro que o Brasil tem. A gente não pode perder a capacidade que ele tem de gestão, como ser humano, alguém sensível, que sabe respeitar as contas públicas e realizar obras e trabalho social”, disse.

Nunes chegou a ser cotado para suceder o governador, mas seu nome perdeu força após críticas feitas pelo vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), aliado de Bolsonaro, ao próprio Tarcísio. O prefeito citou o ex-prefeito de São José dos Campos Felício Ramuth como “tendência natural” para disputar o governo paulista. “Evidentemente, você vai ter que sentar com outros partidos, dialogar com todo mundo”, afirmou.