CIDADE DO VATICANO, 13 FEV (ANSA) – No primeiro dia da 18ª reunião do Conselho dos Cardeais (C9), os religiosos manifestaram “pleno apoio” às reformas e ao governo do papa Francisco à frente da Igreja Católica.   

Apesar de não citar nomes, o documento aparenta estar endereçado à ala conservadora da entidade, que faz constantes e abertas críticas à maneira com que Jorge Mario Bergoglio conduz a Igreja.   

“Em relação aos recentes acontecimentos, o Conselho dos Cardeais exprime pleno apoio à obra do Papa, assegurando ao mesmo tempo a adesão e apoio plenos à Sua pessoa e ao Seu Magistério”, escreveram os religiosos.   

No fim do ano passado, Bergoglio recebeu uma carta chamada de “dubbia” (“Dúvidas”) questionando cinco pontos de sua exortação apostólica “Amoris laetitia”, o documento pelo qual Francisco autorizou, entre outras coisas, que padres pudessem conceder a comunhão às pessoas divorciadas que estão em um novo casamento.   

Até então, apenas altos dirigentes da Igreja podiam conceder esse “perdão”.   

A carta foi assinada por quatro cardeais conservadores, incluindo seu “rival’ desde o início do Pontificado, o norte-americano Raymond Leo Burke.   

Mais recentemente, no dia 4 de fevereiro, a cidade de Roma amanheceu com centenas de cartazes questionando a “misericórdia”, tema de seu Papado, do sucessor de Bento XVI por causa de mudanças na estrutura dos dicastérios da França e de uma “interferência” do Vaticano na saída do grão-mestre da Ordem de Malta.   

Apesar de não terem sido assinados ou reivindicados, acredita-se que sejam fruto de religiosos conservadores que não concordam com a política de abertura pregada pelo argentino.   

Já neste último fim de semana, circulou uma edição falsa do jornal católico “Osservatore Romano”, em que havia declarações sarcásticas ligadas ao documento com as “dúvidas”, enviado pelos cardeais.   

Na abertura da reunião do C9, órgão formado pelo papa Francisco para debater e apresentar propostas de reformas da Cúria e de fatos ligados à estrutura da Igreja Católica, o líder do grupo, cardeal Oscar Andrés Rodriguez Maradiaga, enviou uma saudação ao Papa e agradeceu pelo discurso natalício feito por ele no dia 22 de dezembro.   

Naquele dia, o Sumo Sacerdote afirmou que há “resistências malvadas” na Cúria Roma, o corpo administrativo da Igreja.   

“O caminho da reforma está andando, mas há também resistências malvadas, que crescem em mentes destorcidas e que se apresentam quando o demônio inspira más intenções, frequentemente vestidos em pele de cordeiro”, disse à época.   

Os encontros entre os nove cardeais seguem até a quarta-feira (15). Fazem parte do Conselho: o secretário de Estadodo Vaticano, Pietro Parolin, o hondurenho Andrés Rodríguez Maradiaga, que coordena os trabalhos, o italiano Giuseppe Bertello, o norte-americano Sean Patrick O’Malley, o cardeal chileno Francisco Javier Errázuriz Ossa, o indiano Oswald Gracias, o alemão Reinhard Marx, o cardeal do Congo Laurent Monsengwo Pasinya e o australiano George Pell. (ANSA)