O São Caetano “renasceu” – ou ao menos teve seu ânimo revigorado – após conquistar o título da segunda divisão do Campeonato Paulista e garantir a volta à elite do futebol estadual. Uma guinada radical. A pandemia do novo coronavírus por pouco não frustrou a temporada da equipe do ABC, que, em abril, comunicou sua desistência da Série D do Campeonato Brasileiro por causa de problemas financeiros – reviu sua posição e está no campeonato. O segredo para o sucesso repentino está na adaptação rápida ao cenário imposto pela covid-19 e no sucesso de um elenco jovem, formado por garotos da base.

É o que pensa Carlos Silva, administrador de futebol do São Caetano. “A princípio, montamos um time para não cair para a Série A3, mas, conforme a competição foi se desenrolando, vimos que tínhamos chances reais de subir. Então, reformulamos o elenco. Fizemos escolhas rápidas e pontuais. Nossa categoria de base nos forneceu 14 jogadores, o que nos ajudou bastante”, disse ao Estadão.

O ingresso dos juniores na equipe principal foi bem conduzido. Isso porque, segundo Carlos, o São Caetano tinha um técnico especialista no assunto. “O professor Gallo trabalhou bastante em categorias de base, inclusive na própria seleção brasileira. Ele soube o que fazer com esses garotos. Em vários jogos tivemos cinco atletas da base em campo”, contou.

Segundo Márcio Griggio, diretor de futebol do São Caetano, além da adaptação rápida e do sucesso da base nas mãos de Gallo, quem também fez diferença para o bom desempenho do elenco foi o preparador físico, Elliot Paes. “Mantivemos as sessões de treinamento dos nossos atletas online, durante a interrupção das atividades em campo, e nos beneficiamos do nosso preparador físico, Elliot, que é um dos melhores que já trabalhei durante toda minha carreira. Ele fez um grande trabalho no grupo”, revelou o dirigente, que ressaltou: “O mais importante foi se adaptar rápido à situação e aproveitar os nossos profissionais”.

Apesar de o título, de certa forma, não estar nos planos, Carlos nega que a conquista tenha sido uma surpresa. “Pra mim, não foi. No decorrer da competição a gente foi se adequando. Das 26 inscrições possíveis, realizamos apenas a de 16 atletas. Deixamos oito vagas em aberto para a sequência e para a fase final ainda tínhamos como trocar mais quatro pelo regulamento. Teve planejamento. Isso foi somado ao bom desempenho dos meninos da base e dos reforços que contratamos para a fase de mata-mata”, ponderou.

Agora, o São Caetano tem pela frente a disputa da quarta divisão do Brasileiro. Contudo, o acesso à Série C ficará em segundo plano. Isso porque a equipe já mira o Campeonato Paulista de 2021. Segundo Griggio, o clube aguarda definições da atual gestão e de investidores interessados em comprar o futebol do clube.

“Estamos fazendo alguns cortes para o Brasileiro. Precisamos diminuir nossa folha salarial e, por isso, não faremos grandes investimentos durante a Série D. Nosso foco já é o Paulistão de 2021”, explicou o dirigente.