A Petrobras decidiu cortar o fornecimento de gás para a Amazonas Energia, empresa do grupo Eletrobrás responsável pelo abastecimento de todo o Estado. O corte de aproximadamente 1 milhão de metros cúbicos de gás por dia coloca em situação de risco a segurança energética de Manaus e de toda a região, principalmente em horários de pico de consumo, o que pode levar a rede de distribuição ao estresse e, consequentemente, causar apagões.

A decisão radical da Petrobras, conforme apurou o Estado com uma fonte do governo, foi tomada após sucessivas tentativas de chegar a um acordo com a empresa sobre o pagamento da dívida.

No mês passado, a Amazonas Energia deu um novo calote na Petrobras, deixando de pagar uma das mensalidades previstas em negociação firmada em dezembro de 2014. Pelo acordo, a Amazonas Energia assumiu o pagamento de uma dívida de cerca de R$ 3,5 bilhões, que seria quitada em 120 parcelas. No último mês, porém, a empresa simplesmente deixou de pagar a conta. Para complicar a situação, a Amazonas Energia passou a acumular novos passivos com a Petrobras, uma conta extra que, segundo apurou a reportagem, hoje supera R$ 2 bilhões.

Em maio, fornecedor e cliente tentaram chegar a um acordo, mas a negociação não avançou. A Petrobras notificou a Amazonas, dando prazo de 30 dias para que se achasse uma solução. Não se chegou a nenhum acordo. Hoje, a Petrobras cobra a Amazonas Energia na Justiça.

Procurada, a Petrobras informou apenas que “continua conversando e negociando com todos os parceiros envolvidos em seus negócios”. A Eletrobrás e a Amazonas Energia não responderam até o fechamento da reportagem.

Internamente, a Petrobras não consegue entender por que a Amazonas Energia simplesmente não honra a sua dívida. A rigor, a empresa recebe, todos os meses, recursos pagos pelo consumidor de todo o País, via conta de luz, para quitar essa despesa, ou seja, não se trata de recursos que saiam dos cofres da distribuidora, mas sim do bolso do cidadão.

Toda a negociação feita entre a Petrobras e a distribuidora da Eletrobrás foi intermediada diretamente pelo governo, no fim de 2014.

Hoje, Manaus é a única cidade do Estado que está conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN), rede que transmite energia para todo o País. O resto do Amazonas é abastecido por redes isoladas e supridas por usinas termoelétricas movidas a óleo combustível e diesel.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já criticou, em diversos processos, a gestão da Amazonas Energia. Entre os maiores problemas estão casos como duplicidade de compra de combustível para uma mesma usina e contratos nos quais o preço do insumo chega a superar até mesmo o valor das tabelas de postos de combustível. A empresa também registra índices alarmantes de furto de energia, os tradicionais “gatos”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.