O bronze de Ana Sátila no C1 (canoa individual) do Mundial de Canoagem Slalom, que está sendo disputado em Pau, na França, ficou para a história. Foi a primeira medalha do Brasil em uma competição adulta da modalidade e a proeza se torna ainda maior porque não é a especialidade da atleta, mais acostumada com o caiaque do que com a canoa. Confira a entrevista exclusiva com a brasileira.

Você conquistou a primeira medalha do Brasil em Mundiais adultos na canoagem slalom. Já se deu conta de seu feito?

Sei que é uma vitória muito grande. Agora vou conseguir descansar bem e tentar manter a cabeça na competição para a próxima disputa. Com certeza essa medalha é muito importante para mim.

O pódio veio justamente na embarcação que não é sua especialidade. Foi mais difícil?

Venho treinando há pouco tempo na canoa, mais ou menos dois anos. Sou melhor no K1, o caiaque, por isso estou muito feliz com o resultado. Acho que o Brasil está no caminho certo, toda equipe técnica ajudou bastante, os atletas se apoiam sempre nas competições, isso que é legal. Não só a medalha, mas todo esse clima que conseguimos viver aqui está sendo histórico.

Sua prova mostrou que qualquer erro pode ser fatal. Como faz para manter o foco até o fim?

Essa competição foi mais especial para mim porque fui além do que eu poderia imaginar como atleta. Tenho treinado há pouco tempo e mais específico no K1. Quando terminei, foi um alívio muito grande, porque tinha feito uma boa descida. Teve a penalidade, a gente nunca fica feliz, ainda mais a minha que foi muito pequena. Só que isso ajuda você a melhorar da próxima vez e manter o foco. Claro que nenhuma descida é perfeita, mas estou muito feliz com essa competição.

Depois de sua descida, outras seis competidoras entraram na água e poderiam ter tirado você do pódio. Como foram esses momentos que antecederam a confirmação da medalha?

É muito difícil. Acho que tem de manter a calma e a cabeça no lugar, pois você sente aquela emoção com a possibilidade de medalha. Estava muito difícil e imaginava que tinha chance de medalha, aí a Jessica Fox acabou errando na última descida. Tudo pode acontecer numa final de Mundial, ainda mais nesse que é tão concorrido e disputado.

Qual a avaliação que você faz do percurso que foi criado?

Está uma pista excelente. Conseguiram desenhar muito bem, foi emocionante. Claro que é difícil, pois é um Campeonato Mundial e tem de fazer jus por estar aqui. Na verdade é tudo que a gente treinou, estou muito feliz de ter conseguido fazer uma descida boa numa pista complicada como essa.

Você saiu de casa ainda criança e mudou de cidade para se dedicar à canoagem slalom. Valeu a pena?

Apesar de cada ano sem minha família, viajando bastante, essa medalha tornou tudo mais que especial. Só tenho de agradecer a todos por isso. Minha mãe que foi comigo para Foz quando eu era muito pequena e ela sempre me apoiou desde o início. Meu pai, que teve de ficar longe de mim por tantos anos, até hoje na verdade. O apoio deles foi fundamental para mim e não me arrependo de nada. Faria tudo de novo só para estar aqui e viver esse momento.