Após ataques, ONU alerta para risco de liberação radioativa

Após ataques, ONU alerta para risco de liberação radioativa

"MilitaresIsrael lança ataque "preventivo" contra instalações nucleares do Irã após país ignorar advertências da ONU sobre programa nuclear.Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irã na madrugada desta sexta-feira (13/06), com o objetivo de desmantelar suas instalações nucleares, matando ao menos três dos chefes militares do país e seis cientistas nucleares de alto escalão. A ofensiva foi anunciada como o início de uma operação prolongada para impedir que Teerã construa uma arma bomba atômica.

O Irã iniciou sua retaliação logo em seguida e lançou mais de 100 drones em direção ao território israelense. Segundo o Exército de Israel, "todos os sistemas de defesa estão funcionando para eliminar as ameaças".

Os ataques desta sexta geraram temores de que as tensões entre os rivais, fortemente armados, se transformem numa guerra em grande escala no Oriente Médio.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), das Nações Unidas, alertou para o risco de "liberações radioativas com graves consequências" após os ataques israelenses à infraestrutura nuclear do Irã e apelou aos envolvidos no conflito para que exerçam "o máximo de contenção".

ONU alerta para risco de liberações radioativas na região
O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, considerou o ataque de Israel "profundamente preocupante", apontando risco de "liberações radioativas com graves consequências" para a população e o meio ambiente dentro e fora do Irã. A agência é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).

"Ataques como este têm sérias implicações para a segurança nuclear, a proteção e as salvaguardas, bem como para a paz e a segurança regionais e internacionais", disse ele em nota. "Peço a todas as partes que exerçam o máximo de contenção para evitar uma nova escalada."

Segundo Grossi, o bombardeio produziu "sérios danos" nas instalações nucleares de Natanz, no Irã. Já a usina de enriquecimento de urânio de Fordow, a cerca de 150 quilômetros de Teerã, não foi afetada.

Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou particular preocupação com o estado das negociações entre Irã e Estados Unidos.

ht (Lusa)

Antes do ataque, Irã desafiou exigências de órgão da ONU para controle de armas nucleares
Um dia antes de ser atacado por Israel, o Irã afirmou que construiria e ativaria uma terceira instalação de enriquecimento nuclear, aumentando significativamente sua produção de urânio enriquecido e desafiando exigências dos EUA e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

A agência da ONU havia censurado o país por não cumprir obrigações de não proliferação destinadas a impedir o desenvolvimento de armas nucleares, em votação secreta referendada por 19 países.

A resolução foi apresentada por França, Reino Unido, Alemanha e EUA. Rússia, China e Burkina Faso votaram contra, enquanto 11 países se abstiveram e dois não votaram.

O texto exigia que o Irã fornecesse respostas "sem demora" sobre traços de urânio encontrados em diversos locais que Teerã não declarou como instalações nucleares, segundo a agência de notícias AP.

Pelo Tratado de Não Proliferação nuclear, o Irã é obrigado a declarar todo material e atividade nuclear que possui e permitir que inspetores da ONU verifiquem se as atividades têm fins pacíficos.

Atualmente, o país enriquece urânio a 60%, muito acima do limite de 3,67% acordado em 2015 com potências ocidentais e próximo, embora ainda aquém, dos 90% necessários para uma ogiva nuclear.

ra (afp, ap, dpa)

EUA negam envolvimento em ataque, mas retiraram funcionários do Oriente Médio
Especialistas afirmam que o ataque desta sexta-feira não seria possível sem o aval dos Estados Unidos, maior aliado de Israel. Oficialmente, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, nega envolvimento da Casa Branca no bombardeio israelense.

Um dia antes, porém, o presidente americano Donald Trump anunciou a retirada de funcionários do Oriente Médio alegando riscos à segurança, após a agência de notícias Reuters noticiar preparativos para a evacuação parcial da embaixada no Iraque. O Departamento de Estado (equivalente americano ao Ministério do Exterior) também teria autorizado saídas voluntárias do Bahrain e do Kuwait, segundo a Reuters.

Os EUA têm presença militar no Oriente Médio, com bases no Iraque, Kuwait, Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos.

ra (DW, reuters)

Ataque põe em xeque futuro das negociações com os EUA sobre acordo nuclear
Com o ataque contra o Irã na madrugada desta sexta-feira, Israel quis aproveitar uma "janela de oportunidade" aberta pela fragilização dos sistemas de defesa aérea iranianos após uma sequência de bombardeios israelenses em outubro do ano passado, afirma a correspondente da DW em Jerusalém, Tania Kraemer.

"Eles [Israel] tinham uma janela de oportunidade, somada à preocupação com o programa nuclear [iraniano]. Havia expectativa de que isso aconteceria, mas as negociações nucleares entre os EUA e Israel ainda estavam em andamento", disse Kraemer.

Uma nova rodada está marcada para o domingo (15/06), mas agora já não se sabe se a conversa será mantida.

ra (DW)

Seis cientistas nucleares iranianos foram mortos
Ao menos seis cientistas nucleares do Irã foram mortos no ataque de Israel desta madrugada, segundo a imprensa local.

A agência de notícias estatal iraniana Tasnim listou os mortos como sendo: Abdolhamid Minouchehr, Ahmadreza Zolfaghari, Amirhossein Feqhi, Motalleblizadeh, Mohammad Mehdi Tehranchi e Fereydoun Abbasi.

Tehranchi era presidente da Universidade Islâmica Azad do Irã, e Abbasi é ex-chefe da Organização de Energia Atômica do Irã, segundo a agência de notícias AFP.

ra (AFP).

Irã chama ataque israelense de "declaração de guerra"
Em carta endereçada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Irã chamou de "declaração de guerra" os ataques desta madrugada de Israel contra instalações militares e nucleares, e apelou ao órgão para que intervenha.

Membro permanente do Conselho, a Rússia disse que os ataques não foram provocados e violaram a carta das Nações Unidas. "Ataques militares não provocados contra um Estado soberano membro da ONU, seus cidadãos, cidades pacíficas e infraestrutura de energia nuclear são categoricamente inaceitáveis", disse o ministério russo do exterior em nota.

ra (afp, reuters)

Israel diz ter situação "sob controle" após lançamento de 100 drones do Irã
Após o Irã retaliar os ataques desta madrugada com o lançamento de 100 drones contra Israel, o exército israelense disse ter controlado a ameaça e interceptado a maioria dos drones.

"Temporariamente, a ameaça dos drones está sob controle, o que nos permite alertar os civis israelenses com antecedência suficiente para que se abriguem", disse um militar à agência de notícias EFE.

Por volta das 11h (horário local, 5h de Brasília), a população foi informada de que não era necessário permanecer perto dos abrigos.

Por volta das 3h (21h de quinta-feira em Brasília), fortes explosões foram ouvidas no centro de Teerã. Logo depois, sirenes de ataque aéreo soaram em Israel, enquanto o Ministério da Defesa israelense anunciava o lançamento de um "ataque preventivo" contra o Irã.

Além de alvos e instalações militares, Israel também alvejou cientistas nucleares e oficiais militares de alto escalão.

Israel alegou ter matado membros do Estado-Maior do regime iraniano e das forças de segurança no ataque: o general Mohammad Bagheri, comandante do Estado-Maior das Forças Armadas; o comandante-chefe da Guarda Revolucionária do Irã, general Hossein Salami; e o general Gholam Ali Rashid, chefe da base aérea de Khatam al-Anbiya.

ra (efe)