O motorista Claudio (nome fictício), de 41 anos, sofreu um assalto no dia 12 e já pensa em abandonar o aplicativo, após seis meses de serviço e até o financiamento de um carro para trabalhar. Ele tinha acabado de deixar um passageiro no limite de São Paulo com Santo André, no bairro de Utinga, quando recebeu um chamado próximo. Eram 14 horas, a rua era movimentada e ele não viu por que não aceitar o chamado. Quando chegou, foi surpreendido por três adolescentes que, segundo ele, tinham entre 13 e 15 anos.

“Perguntaram se eu era o tio do Uber. Na hora que abaixei o vidro já me dominaram. Todos estavam armados. O maior entrou, me segurou pelo pescoço e imobilizou”, diz. Os bandidos levaram o celular de Claudio, o dinheiro de sua carteira e até a bolsa com água para os passageiros. “Eles me ameaçaram de morte. Fiquei travado, não sabia o que fazer.” Quando os jovens deixaram o carro, ele teve ajuda de moradores da região. “Disseram que ali no bairro estava acontecendo muitos casos do tipo. Parece que alguns bandidos estão indo ali justamente para assaltar.”

Claudio só voltou a trabalhar no dia 16, mas diz que está desanimado. Trocou o horário que fazia, da tarde, para mais cedo – agora entra às 5 horas e sai às 12 horas. Ele reclama que o fato de a empresa obrigar o motorista a aceitar corridas com dinheiro causou insegurança. “A gente nunca sabe quem vai pegar.”

Cadastro

Outro problema seria a falta de controle da empresa com relação a cadastros. “Só precisa de um telefone e e-mail. Já o motorista tem de mandar até atestado de antecedentes criminais”, afirma o motorista. O condutor Flávio (que pediu para não ter o sobrenome identificado), de 34 anos, conta que foi assaltado pela segunda vez com o aplicativo na Vila Babilônia, região do Jabaquara, na zona sul de São Paulo. Ele tinha acabado de deixar um passageiro e recebeu um chamado para buscar outro. Ao chegar ao local, já percebeu a emboscada: o suposto cliente nem sequer sabia indicar o nome correto que havia colocado no perfil falso.

“Ele já esperou em um lugar estratégico. Veio um rapaz no cruzamento e mais dois escondidos atrás do carro. Eles mandaram abrir o veículo. Como eu já tinha ouvido falar de outro motorista que tentou fugir de um assalto e atiraram nele, achei melhor obedecer. Destravei o carro e eles entraram. Minutos depois, anunciaram o assalto e me colocaram no banco de trás.” Flávio precisou levar o trio até a Avenida Jornalista Roberto Marinho, onde o deixaram. “Comecei a orar dentro do carro e eles ficaram meio assustados. Mandaram parar e, em seguida, me largaram.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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