ROMA, 2 JUN (ANSA) – Após ter conseguido o adiamento para o último trimestre de três processos por corrupção de testemunhas, o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi, 84 anos, anunciou nesta quarta-feira (2) a retomada de suas atividades, embora ainda sem sair de casa.   

O líder conservador passou cerca de 30 dias internado entre o início de abril e meados de maio, período para o qual estavam previstas audiências em três processos no âmbito do caso “Ruby ter”, mas todas elas acabaram adiadas devido aos problemas de saúde do ex-premiê.   

“Por sorte, estou melhorando gradualmente, tanto que posso dar essa entrevista. Os médicos finalmente me autorizaram a retomar um mínimo de atividades, embora ainda sem sair de casa”, disse Berlusconi em entrevista ao diário conservador Il Giornale.   

Até hoje não se sabe exatamente quais os problemas de saúde enfrentados pelo ex-premiê, mas sua defesa diz que tratam-se de complicações pós-Covid – Berlusconi contraiu o novo coronavírus em setembro de 2020 e chegou a ficar 10 dias internado enquanto estava doente.   

Na ocasião, ele disse que a luta contra a Covid foi a “prova mais perigosa” de sua vida. Na entrevista ao Giornale, o ex-primeiro-ministro agradeceu pela “atenção” dos italianos nestes “meses difíceis”.   

“A solidariedade e o afeto de tantos italianos não apenas me comoveram, também me deram força para enfrentar um desafio difícil, as complicações de um mal insidioso e tremendo, o mesmo que semeou tanto luto e tanta dor na Itália e no mundo”, acrescentou.   

Processos – Berlusconi é alvo de diversos inquéritos no caso “Ruby ter”, que apura supostos subornos para manipular os depoimentos de testemunhas envolvidas no “bunga-bunga”, como eram chamadas as noitadas nas mansões do ex-premiê.   

Três desses inquéritos – em Milão, Roma e Siena – já estão na fase processual e tinham audiências previstas para abril e maio, quando o ex-primeiro-ministro foi internado.   

Em Milão, Berlusconi é acusado de corromper os depoimentos de garotas de programa que participavam de suas festas. O processo foi adiado para 8 de setembro.   

Em Roma, a acusação se refere a supostos pagamentos para induzir o cantor Mariano Apicella, também réu, a mentir em seu favor no processo “Ruby”, no qual Berlusconi foi absolvido dos crimes de prostituição de menores e abuso de poder. A próxima audiência foi remarcada para 2 de novembro.   

Já Siena tem o processo em fase mais avançada, e a audiência de divulgação da sentença, já adiada oito vezes, agora está prevista para 21 de outubro. O Ministério Público pediu a condenação do ex-premiê a quatro anos e dois meses de prisão pelo suposto suborno de Danilo Mariani, pianista que participava de suas festas.   

O nome “Ruby” faz referência à modelo ítalo-marroquina Karima el Mahroug, pivô do escândalo sexual que abalou a imagem de Berlusconi. Entre 2010 e 2014, o ex-premiê teria gastado mais de 10 milhões de euros para manipular testemunhas em seus julgamentos, segundo o MP.   

Berlusconi já foi condenado em última instância por fraude fiscal, pena descontada com um ano de serviços sociais, e hoje é deputado do Parlamento Europeu. (ANSA).