Após acordo, Rússia envia ‘tropas de paz’ para Nagorno-Karabakh

MOSCOU, 11 NOV (ANSA) – O governo da Rússia informou nesta quarta-feira (11) que a Armênia e o Azerbaijão interromperam os ataques militares, conforme determinava o acordo trilateral firmado há dois dias, e que seu “contingente de paz” está se posicionando ao longo do fronte e do corredor que liga a região separatista de Nagorno-Karabakh aos armênios.   

Segundo declaração do general Sergei Rudskoi à agência russa Tass, os militares russos ficarão em 16 postos de observação para garantir o respeito à trégua e cerca de 400 soldados, oito helicópteros e 50 meios militares foram deslocados por toda a área nas últimas 24 horas.   

O cessar-fogo firmado pelos líderes de Baku, Erevan e Moscou prevê que as tropas dos dois países em conflito permanecem em seus postos, mas que devem respeitar a ordem de cessar as hostilidades.   

Mesmo com a promessa de paz, na terceira tentativa de trégua, os protestos do lado armênio continuam intensos. Nesta quarta-feira, a polícia local prendeu dezenas de pessoas que manifestavam em frente à sede do governo de Nikol Pashinyan. Os cidadãos acusam o premiê de “trair” o povo com a assinatura da trégua.   

Os turcos, que são os principais apoiadores do Azerbaijão por conta de sua longa rivalidade com os armênios, comemoraram o cessar-fogo e a “vitória” de Baku.   

“As forças azeris fizeram uma missão de 44 dias que será lembrada por 44 anos”, destacou o ministro da Defesa de Ancara, Hulusi Akar, em uma cerimônia realizada em Baku nesta quarta.   

Akar ainda reforçou que seu país ajudará a monitorar a trégua na região separatista.   

Em uma nota oficial publicada pelo Ministério das Relações Exteriores, a Itália afirmou que “acolhe com alívio o cessar-fogo” e que tanto o acordo trilateral como outros firmados entre as partes devem “criar as premissas para uma estabilização e a pacificação sustentável de toda área”.   

“A Itália destaca a importância do respeito à identidade de cada comunidade e do pluralismo cultural e religioso da área, o que é uma premissa necessária para a reconciliação intrarregional. A Itália, como membro do Grupo de Minsk, garantirá todo o apoio aos coparticipantes em vista da consolidação do cessar-fogo, premissa indispensável para uma solução duradoura para o conflito”, destaca ainda a nota.   

– O conflito: Os separatistas armênios e os militares azeris começaram o confronto atual em 27 de setembro, sendo que um lado acusa o outro de ter iniciado a nova ofensiva. Com apoio de Erevan, o conflito foi se intensificando entre os dois lados, causando inúmeras vítimas civis e militares.   

O número de óbitos, porém, é bastante incerto. Os oficiais de Nagorno-Karabakh afirmam que morreram 1.177 militares e 50 civis enquanto o governo azeri diz que registrou 92 civis mortos e nenhum soldado. Porém, no dia 22 de outubro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que a quantidade de mortes já estava em cerca de cinco mil.   

O confronto atual é o mais sangrento desde 1992, quando um conflito iniciado no fim da década de 1980 deixou cerca de 30 mil mortos. Desde aquele período, haviam sido registrados incidentes menores, que se mantinham nas dezenas de vítimas.   

A guerra de Nagorno-Karabakh existe desde o fim da União Soviética. Os moradores da região, que têm origem armênia, não aceitaram a decisão dos russos de ficarem no Azerbaijão e iniciaram um confronto separatista. Em 1992, foi criado o Grupo de Minsk para ter um acordo de paz na região, mas esse documento nunca foi alcançado, mantendo toda a área em constante tensão.   

(ANSA).