O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) deve encerrar a greve de fome após um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A decisão deve ser anunciada nas próximas horas.
Braga está em greve de fome desde a semana passada, quando o Conselho de Ética aprovou seu pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar. O carioca é acusado de agredir e expulsar um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara dos Deputados em abril de 2024.
As negociações para o fim da greve de fome foram costuradas por Motta junto a esposa de Glauber, a deputada federal Samia Bonfim (PSOL-SP), e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ). No acordo, o presidente da Câmara garantiu que o processo ficará na geladeira por 60 dias quando chegar ao plenário.
Em uma publicação no X, Motta confirmou que vai segurar a pauta para dar direito de defesa ao parlamentar.
Em diálogo com a deputada @samiabomfim (PSOL/SP) e o líder do PT, @lindberghfarias (RJ), avançamos para o fim da greve de fome do deputado @Glauber_Braga (PSOL/RJ).
Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao Plenário da…
— Hugo Motta (@HugoMottaPB) April 17, 2025
“Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar”, disse Motta.
O processo está travado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que tende a votar o pedido nas próximas semanas. Em seguida, o processo segue para o plenário da Casa.
Com o acordo, PSOL e PT ganharam tempo para articular o arquivamento do caso. Os deputados tentam negociar um acordo de punição mais branda com o Centrão, que pressiona a cassação.
Desde o início da greve, Glauber Braga emagreceu cerca de 4kg e manteve acompanhamento médico e de segurança durante todo o período. O deputado ingeriu soro e isotônicos para balancear a saúde.
Votação no Conselho de Ética
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados cassou o mandato do deputado federal Glauber Braga no último dia 9 de abril. Depois de mais de seis horas de discussão no colegiado, 13 deputados votaram para cassar Glauber Braga, enquanto 5 votaram contra.
Em seu relatório, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) disse haver provas de que Glauber começou a provocação e o acusou de quebra de decoro parlamentar pela agressão ao militante. No voto, o relator ainda incluiu outros casos polêmicos, como quando Braga chamou o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (Progressistas-AL) de “bandido”. Outra lembrança colocada no relatório foi uma discussão durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública.
Braga negou todas as acusações e apontou a pressão de Lira sobre os deputados para agilizar o processo de cassação. Após as falas, ele prometeu entrar em greve de fome e permaneceria no plenário do Conselho de Ética até o fim do processo.
Agressão a militante
Braga é acusado de agredir Gabriel Costenaro no dia 16 de abril do ano passado. De acordo com o relatório, o parlamentar teria agredido fisicamente o militante após uma discussão.
Na época, Glauber Braga afirmou, em depoimento à Polícia Legislativa, que já havia sido intimidado por Costenaro em outras oportunidades. Ele afirma que tomou a atitude de expulsa-lo da Câmara após ser provocado.
Na delegacia, Braga começou a discutir com o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que também acusou o psolista de tentar agredi-lo. O caso também foi citado pelo relator do caso.