Após acordo com Hugo Motta, Glauber Braga deve encerrar greve de fome

Deputado do PSOL está há mais de uma semana sem comer após avanço em processo de cassação na Câmara

Lula Marques/Agência Brasil
Glauber Braga Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) deve encerrar a greve de fome após um acordo com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). A decisão deve ser anunciada nas próximas horas.

Braga está em greve de fome desde a semana passada, quando o Conselho de Ética aprovou seu pedido de cassação por quebra de decoro parlamentar. O carioca é acusado de agredir e expulsar um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara dos Deputados em abril de 2024.

As negociações para o fim da greve de fome foram costuradas por Motta junto a esposa de Glauber, a deputada federal Samia Bonfim (PSOL-SP), e o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ). No acordo, o presidente da Câmara garantiu que o processo ficará na geladeira por 60 dias quando chegar ao plenário.

Em uma publicação no X, Motta confirmou que vai segurar a pauta para dar direito de defesa ao parlamentar.

“Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso do deputado ao plenário da Câmara antes de 60 dias para que ele possa exercer a defesa do seu mandato parlamentar”, disse Motta.

O processo está travado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que tende a votar o pedido nas próximas semanas. Em seguida, o processo segue para o plenário da Casa.

Com o acordo, PSOL e PT ganharam tempo para articular o arquivamento do caso. Os deputados tentam negociar um acordo de punição mais branda com o Centrão, que pressiona a cassação.

Desde o início da greve, Glauber Braga emagreceu cerca de 4kg e manteve acompanhamento médico e de segurança durante todo o período. O deputado ingeriu soro e isotônicos para balancear a saúde.

Votação no Conselho de Ética

O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados cassou o mandato do deputado federal Glauber Braga no último dia 9 de abril. Depois de mais de seis horas de discussão no colegiado, 13 deputados votaram para cassar Glauber Braga, enquanto 5 votaram contra.

Em seu relatório, o deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) disse haver provas de que Glauber começou a provocação e o acusou de quebra de decoro parlamentar pela agressão ao militante. No voto, o relator ainda incluiu outros casos polêmicos, como quando Braga chamou o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (Progressistas-AL) de “bandido”. Outra lembrança colocada no relatório foi uma discussão durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública.

Braga negou todas as acusações e apontou a pressão de Lira sobre os deputados para agilizar o processo de cassação. Após as falas, ele prometeu entrar em greve de fome e permaneceria no plenário do Conselho de Ética até o fim do processo.

Agressão a militante

Braga é acusado de agredir Gabriel Costenaro no dia 16 de abril do ano passado. De acordo com o relatório, o parlamentar teria agredido fisicamente o militante após uma discussão.

Na época, Glauber Braga afirmou, em depoimento à Polícia Legislativa, que já havia sido intimidado por Costenaro em outras oportunidades. Ele afirma que tomou a atitude de expulsa-lo da Câmara após ser provocado.

Na delegacia, Braga começou a discutir com o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que também acusou o psolista de tentar agredi-lo. O caso também foi citado pelo relator do caso.