Uma semana antes de completar 89 anos, o ex-presidente da Fifa Joseph Blatter retorna ao tribunal nesta segunda-feira para um novo julgamento em um caso de supostas irregularidades financeiras que já dura quase 10 anos.
Blatter e o francês Michel Platini foram absolvidos em julho de 2022 por três juízes federais em relação a acusações que incluíam fraude, falsificação, apropriação indevida de fundos e má administração. As denúncias estavam relacionadas a um pagamento da Fifa, no valor de 2 milhões de francos suíços (cerca de R$ 13 milhões, pelo câmbio atual) a Platini.
A absolvição ocorreu quase sete anos depois que a investigação foi revelada pela primeira vez e os destituiu dos cargos de presidentes da Fifa e da Uefa, respectivamente. Na época, Platini era forte candidato a suceder o suíço na presidência da Fifa. Mas a denúncia acabou com sua campanha.
O gabinete do procurador-geral da Suíça recorreu contra os primeiros veredictos em outubro de 2022 e um novo julgamento foi aberto na segunda-feira em Muttenz, perto da Basileia, na Suíça. O novo veredicto, de três juízes, está agendado para 25 de março.
Blatter e Platini têm negado sistematicamente qualquer irregularidade naquele pagamento, considerado propina pelos críticos. Eles alegam que tinham um acordo verbal para eventualmente pagar por trabalhos não contratados de assessoria a Blatter durante seu primeiro mandato presidencial, de 1998 a 2002. Os promotores federais pediram sentenças de 20 meses, suspensas por dois anos.
ENTENDA O CASO
Blatter era presidente da Fifa em 2011 quando autorizou o pagamento a Platini, então vice-presidente da entidade máxima do futebol mundial e que dirigia a Uefa. O francês era considerado por muitos como o sucessor natural de Blatter à frente da Fifa.
Os detalhes do pagamento feito em fevereiro de 2011 vieram à tona quatro anos depois, como consequência da crise de corrupção que atingiu a Fifa em maio de 2015. Investigadores federais dos Estados Unidos abriram uma ampla investigação sobre autoridades do futebol internacional.
As autoridades suíças fizeram prisões durante a madrugada em hotéis de Zurique antes de apreender os registros financeiros e comerciais da Fifa. Um dos detidos, na ocasião, foi o então presidente da CBF, José Maria Marín.
O caso Blatter-Platini alterou a linha de sucessão esperada na Fifa, onde os chefes de seu comitê de ética, então independente, suspenderam e depois baniram os dois dirigentes.
Blatter foi destituído do cargo antes do previsto e Platini foi afastado da Uefa e viu desmoronar sua campanha para a eleição presidencial da Fifa, em fevereiro de 2016. Essa eleição foi vencida por Gianni Infantino, que havia sido secretário-geral de Platini na UEFA – Infantino segue no cargo após reeleições.
Outrora os dois homens mais influentes do futebol mundial, Blatter e Platini voltam ao tribunal com 88 e 69 anos, respectivamente, sem trabalhar no esporte desde 2015.
A previsão é de que o julgamento dure quatro dias, até quinta-feira, com dias de reserva disponíveis em 11 e 12 de março. Isso deixa livre a segunda-feira, 10 de março, dia do 89º aniversário de Blatter.
O julgamento está sendo realizado em um tribunal cantonal (estadual) em Muttenz, no subúrbio da Basileia, em vez do tribunal criminal federal em Bellinzona, onde o primeiro julgamento foi realizado durante 11 dias em junho de 2022. Isso porque Platini ganhou uma decisão federal no ano passado ordenando a recusa dos juízes de apelação em Bellinzona.