As principais consequências sofridas por clubes e atletas do mundo todo quando o assunto é doping são punições que geralmente envolvem as próprias competições, como banimento e perda de títulos. Já a China decidiu ir além: tentar melhorar a performance através de substâncias ilícitas agora é crime que pode dar cadeia.

De acordo com a agência oficial de notícias estatal chinesa Xinhua, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo votou para adicionar a Emenda XI à sua lei criminal, o artigo 355. Ela estipula que quem atrair, instigar ou enganar os atletas para que usem substâncias proibidas em competições nacionais ou internacionais pode pegar até três anos de prisão, além de multa. Punições mais pesadas serão aplicadas àqueles que organizarem ou forçarem os atletas ao doping.

Na China, o esporte é questão de estado e sinônimo de “soft power”. A emenda entrará em vigor em março de 2021, quatro meses antes da Olimpíada de Tóquio.

A mudança da lei não foi ideia do governo de Xi Jinping. A alteração é um passo histórico que reforça o compromisso da China em acabar com o doping, em linha com as declarações da 5ª cúpula do Comitê Olímpico Internacional (COI), de 2016. Na época, o COI instou tornar “a comitiva de atletas, incluindo treinadores, médicos, fisioterapeutas e outros oficiais, responsabilizados criminalmente por facilitar o doping”.

Ao comentar sobre a mudança na lei, Chen Zhiyu, diretor executivo da Agência Antidopagem da China (CHINADA), disse que a medida não tem como objetivo punir os atletas, mas sim os profissionais mal intencionados que os cercam.

“Os atletas trapaceiros serão punidos com proibições e multas de acordo com as regras antidopagem já existentes”, afirmou. Com a decisão, a China tenta se precaver para não cair na malha fina do COI, que, no começo do mês, baniu a Rússia da Olimpíada de Tóquio.